Em estudo realizado pelo economista André Braz, coordenador de Índices de Preços da FGV, foi apontado que o custo da alimentação consome 22,61% do orçamento de famílias de baixa renda ( de 1 a 1,5 salário mínimo). Nos últimos anos, devido a conjuntos de fatores que incluem secas, enchentes, pandemia e alta do dólar, o aumento da inflação passou a ser mais recorrente.
Desde o início de 2020, a alimentação acumula alta de 55,87%, o que corresponde a uma porcentagem bem acima da inflação média (33,46%) medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE. De acordo com o economista Luiz Roberto Cunha, docente da PUC-Rio e especialista em inflação, por conta do crescimento acima da média da inflação desde o ano da pandemia, os preços dos alimentos estão em um patamar muito alto, portanto, qualquer alteração no preço afeta muito o consumidor.
Governo Lula
Apesar do crescimento desenfreado desde 2020, o ano de 2023 foi uma exceção. O primeiro ano do terceiro mandato do presidente Lula, manteve o preço do grupo alimentar praticamente instável para o orçamento dos consumidores, além de ter gerado leve queda de 0,52%.
No entanto, atualmente o aumento do preço dos alimentos tem sido um dos maiores contribuintes para a queda de popularidade do governo. De acordo com Luiz Roberto Cunha, a previsão é que este grupo suba menos que a inflação média em 2025. Ainda sim, o especialista prevê que neste ano o IPCA termine em 5,03% e a inflação em 3,91%.
Impacto nos consumidores
O aumento da inflação tem afetado tanto consumidores de rendas mais baixas quanto consumidores com rendas mais altas. Segundo os índices de inflação por faixa de renda, famílias com renda baixa e que recebem até R$2.202,02, o orçamento tem 29% de comprometimento pela alta das compras.
De acordo com a economista Maria Andreia Parente, o impacto nos mais pobres pesa proporcionalmente mais, sobretudo quando afeta itens básicos como frango, leite e pão. Mesmo assim, o estudo de Braz mostra que famílias com renda acima de 30 salários mínimos têm gastado cerca de 11,23% da renda com o preço dos alimentos.