Nesta sexta-feira (23), o renomado fotógrafo Sebastião Ribeiro Salgado Júnior faleceu em sua casa, localizada em Paris, com a causa da morte ainda não esclarecida publicamente. Em um post na rede social Instagram, o Instituto Terra, organização não-governamental fundada em 1998 pelo fotógrafo e sua esposa Lélia Deluiz Wanick Salgado, arquiteta e ambientalista, lamentou a morte do fotojornalista brasileiro, responsável por deixar um legado humano, visionário e reflexivo na fotografia.
Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora. Neste momento de luto, expressamos nossa solidariedade a Lélia, a seus filhos Juliano e Rodrigo, seus netos Flávio e Nara, e a todos os familiares e amigos que compartilham conosco a dor dessa perda imensa. Seguiremos honrando seu legado, cultivando a terra, a justiça e a beleza que ele tanto acreditou ser possível restaurar. Nosso eterno Tião, presente! Hoje e sempre”
Instituto Terra
Tamanha foi a sua relevância para a fotografia mundial, que sua morte é destaque nos principais jornais e portais de notícias do mundo, enfatizando sua sensibilidade ao retratar a dor, a beleza e as nuances da experiência humana.
Carreira
A formação em economia pela Universidade de São Paulo (USP) era muito pouco para ele. Com personalidade visionária, e sendo extremamente comprometido, Sebastião Salgado se rendeu à fotografia que, sem dúvida, foi o campo pelo qual ele conseguiu expressar toda a profundidade que habitava em seu ser.
Lélia Wanick Salgado (Foto: reprodução/Instagram/@sebastiaosalgadooficial)
Também trabalhou para a Organização Internacional do Café, oportunidade em que fotografou os primeiros 100 dias de governo do presidente americano Ronald Regan em 1979, documentando, inclusive, o atentado a tiros sofrido por ele.
Presidente americano Ronald Regan (Foto: reprodução/Bettmann/Getty Images Embed)
Mais adiante, em 1986, publica seu primeiro livro “Outras Américas”, sobre as pontes na América Latina. Entre 1986 e 1992, publicou “Trabalhadores”, uma exposição que o consagrou como documentarista ímpar.
Compromisso social e ambiental
Sempre em preto e branco, o portfólio do fotojornalista é repleto de imagens impactantes, seja pelo forte poder emocional e visual que possuem, seja pelo foco nas populações marginalizadas ou meio ambiente.
Aclamado internacionalmente, o projeto fotográfico “Êxodos” (1999), documentou a experiência de deslocamento e migração de pessoas ao redor do mundo. As fotografias permitem resgatar a dignidade de homens, mulheres e crianças, obrigados a deixarem sua terra natal, me busca de novas possibilidades de sobrevivência.
“Índia” (Foto: reprodução/Instagram/@sebastiaosalgadooficial)
Com autenticidade e profundidade, o ambientalismo também esteve presente em suas fotografias. Defensor ferrenho da causa, fundou um instituto, cujo objetivo é restaurar o ecossistema, promover a educação ambiental e o desenvolvimento rural sustentável.
Sebastião tinha esperança num planeta regenerado: “O ser humano destruiu boa parte do planeta, mas também é capaz de reconstruí-lo. Eu vi isso acontecer. O mundo não precisa ser condenado à morte. O planeta pode se regenerar — se nós mudarmos nosso modo de vida. A floresta que plantei com minha esposa cresceu. Os animais voltaram. A água voltou. A esperança voltou”, comentou.