A Rússia realizou um ataque com mísseis e drones que atingiu Kiev, capital da Ucrânia, na madrugada desta quinta-feira (24). Ao menos nove pessoas morreram e cerca de 63 ficaram feridas, segundo as autoridades locais. Entre os feridos estão crianças e mulheres, e a ofensiva causou destruição em pelo menos quatro bairros da cidade.
O míssil utilizado no ataque foi identificado como um modelo balístico norte-coreano do tipo KN-23, segundo fontes militares ucranianas. Pelo menos 42 pessoas foram hospitalizadas, conforme informou o Serviço Estadual de Emergência da Ucrânia.
Equipes de resgate relataram à agência Associated Press que corpos foram retirados dos escombros, enquanto sobreviventes eram socorridos.
Oksana Bilozir, estudante que estava próxima a um dos locais onde ocorreu a explosão, relatou o medo após o ataque. “Honestamente, eu nem sei como tudo isso vai acabar, é muito assustador”, disse.
“Nenhuma diplomacia funciona aqui.”
Oksana Bilozir
Anastasiia Zhuravlova, de 33 anos, mãe de dois filhos, relatou ter se abrigado com a família em um porão após a explosão lançar eletrodomésticos pela cozinha e estilhaçar janelas.
Impasse diplomático
Em visita oficial à África do Sul, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky retornou ao seu país antes do determinado, após os ataques. E lançou críticas em suas redes sociais à Rússia, por violar o cessar-fogo aéreo no Mar Negro acordado com os EUA em março. No entanto, o governo russo respondeu que o acordo expirou, embora declare que continua trabalhando em conjunto com os EUA por paz.
Zelensky voltou a afirmar que não reconhecerá a Crimeia como território russo e que qualquer negociação dependeria de um cessar-fogo total. “Seguiremos nossa Constituição”, declarou.
EUA ameaça abandonar mediação
O ataque aconteceu logo após novas tensões diplomáticas e estagnação do acordo de paz. O presidente norte-americano Donald Trump criticou Zelensky por, segundo ele, “prolongar o campo de matança” ao se recusar a ceder a Crimeia à Rússia em um plano de paz. Para Trump, “a Crimeia foi perdida há anos e nem sequer é mais um ponto de discussão”.
Trump afirmou a repórteres que um acordo entre Zelensky e o presidente russo Vladimir Putin depende de que ambas as partes, fortes e inteligentes, se entendam. “Assim que isso acontecer, a matança vai parar”, disse.
Devido às circunstâncias, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, informou que o país pode abandonar os esforços de mediação caso não haja sinais concretos de avanço.
“Não vamos continuar com esse esforço por semanas e meses a fio. Então, precisamos determinar muito rapidamente agora — e estou falando de questão de dias — se isso é viável nas próximas semanas. Se for, estamos dentro. Se não, então temos outras prioridades para focar também“
Marco Rubio
A escalada da guerra
Além de Kiev, a segunda maior cidade da Ucrânia, Kharkiv, e outras localidades também foram atingidas pelos ataques russos nesta quinta-feira. O prefeito da capital, Kiev, Vitali Klitschko, confirmou que casas e veículos foram incendiados, e que muitos danos foram causados pela queda de destroços em diferentes bairros da cidade.