O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a apresentar sintomas de indisposição nesta sexta-feira (20), após participar de um evento agrícola em Goiânia. Segundo aliados, ele optou por retornar a Brasília antes do previsto e marcou uma consulta com o médico Claudio Birolini, responsável por sua última cirurgia abdominal. O mal-estar estaria ligado às recorrentes intervenções cirúrgicas no abdômen às quais Bolsonaro tem sido submetido desde o atentado a faca sofrido em 2018, durante a campanha eleitoral em Juiz de Fora (MG).
A agenda em Goiás incluía um encontro com o governador Ronaldo Caiado (União Brasil), com quem o ex-presidente discutiria cenários políticos para as eleições de 2026. No entanto, o estado de saúde de Bolsonaro já vinha preocupando aliados desde terça-feira (17), quando ele participou de compromissos em Presidente Prudente (SP). Na ocasião, relatou estar debilitado: “Desculpa, estou muito mal. Vomito 10 vezes por dia.”
Cirurgias recorrentes e complicações abdominais
O mal-estar relatado por Bolsonaro não é um episódio isolado. Desde o atentado, o ex-presidente passou por várias cirurgias no abdômen, a mais recente delas em abril deste ano. Na ocasião, ele precisou ser transferido de urgência de um evento político no Rio Grande do Norte para Brasília, onde foi operado por doze horas no hospital DF Star. O procedimento foi considerado bem-sucedido, mas os médicos alertaram que novas intervenções poderiam ser necessárias.
Bolsonaro deixa o hospital DF Star três semanas após cirurgia em Brasília (reprodução/Evaristo Sa/Getty Images Embed)
A razão para isso está na própria natureza das lesões e da cicatrização intestinal. Segundo o médico Raphael Di Paula, chefe de cirurgia oncológica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, qualquer violação da cavidade abdominal pode levar ao surgimento de aderências — cicatrizes internas que podem causar obstruções. “A partir do momento em que você faz uma intervenção ali, pode gerar uma espécie de irritação ou inflamação que leva às cicatrizes e aderências”, explica.
Estado de saúde inspira preocupação
Diante das declarações recentes e do histórico cirúrgico de Bolsonaro, cresce a preocupação entre aliados e apoiadores quanto à sua saúde e à capacidade de manter uma agenda política intensa. A necessidade de novas intervenções médicas segue como uma possibilidade concreta, especialmente devido à natureza crônica das aderências intestinais.
O episódio mais recente reforça que, mesmo anos após o atentado, as consequências ainda impactam diretamente a rotina do ex-presidente. A continuidade dos sintomas indica que seu quadro clínico exige acompanhamento constante e pode influenciar, inclusive, seus planos políticos futuros.