O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu desculpas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10), durante depoimento prestado à Polícia Federal em Brasília. A declaração foi dada após o magistrado questionar o ex-presidente sobre acusações infundadas de corrupção, feitas durante uma reunião com embaixadores, em 2022. Bolsonaro afirmou que não possuía nenhum indício das supostas propinas atribuídas aos ministros do STF e classificou sua fala como um “desabafo”.
A oitiva foi realizada no inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado para mantê-lo no poder após a derrota nas eleições presidenciais. Bolsonaro é apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como integrante central do chamado “núcleo 1” do plano golpista.
Acusações foram negadas por Bolsonaro durante depoimento
Durante o depoimento iniciado às 14h30, Bolsonaro foi questionado sobre falas proferidas em julho de 2022, quando acusou Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso de envolvimento em uma suposta fraude eleitoral. Na ocasião, teria sido sugerido que os ministros estariam recebendo “milhões de dólares”. Confrontado diretamente por Moraes, Bolsonaro reconheceu a ausência de provas: “Não tenho indício nenhum”, declarou.
Bolsonaro pede desculpas a Moraes durante depoimento no STF (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)
O ex-presidente tentou minimizar o episódio, dizendo tratar-se de uma fala retórica e informal, realizada em ambiente reservado e sem intenção de calúnia. “Me desculpe, não tinha essa intenção de acusar de qualquer desvio de conduta”, afirmou.
PGR aponta tentativa de golpe e plano para assassinatos
Além da polêmica com os ministros do STF, Bolsonaro é investigado por participar da elaboração de uma minuta golpista que previa a decretação de estado de exceção no país. Segundo a PGR, ele também teria tomado conhecimento do chamado plano “Punhal Verde Amarelo”, que incluía o assassinato de figuras políticas como Lula, Geraldo Alckmin e o próprio Moraes.
O caso segue em andamento e representa um dos mais graves episódios enfrentados pelo ex-presidente desde o fim de seu mandato. O julgamento poderá acarretar consequências penais severas, caso as denúncias sejam comprovadas.