Brasil, Colômbia e México emitem novo comunicado sobre eleições na Venezuela

Thalita Gombio Por Thalita Gombio
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Foto destaque: Venezuela aderiu a um "processo duplo" de conferência de votos que inclui o registro na urna eletrônica e urna fisica (Reprodução/ Jesus Vargas/Getty Images Embed)

Nesta quinta-feira (08), ministros das Relações Exteriores do Brasil, Colômbia e México publicaram um segundo comunicado cobrando o resultado detalhado da ata das eleições do último dia 28 de julho que teria elegido Nicolás Maduro novamente ao poder.

Os governos solicitaram a atuação do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE), para que divulguem um resultado transparente após uma ação aberta do Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ) para analisar as mais de 30 mil mesas de votação. 

Além disso, enfatizam a necessidade de uma “apuração imparcial”, com objetivo de garantir prevalência popular e pedem atuação das Forças Armadas para garantir a cautela e moderação em atos de manifestação para que respeitem os limites da lei. 

Em nota, os países reiteraram seu respeito à soberania Venezuela e a vontade do povo, afirmando que as soluções devem partir do próprio país, além de colocarem à disposição para manter “esforços de diálogo e busca de entendimentos que contribuam à estabilidade política e à democracia no país”.


Comunicado publicado no site oficial do Governo Federal do Brasil, nota de número 358 (Foto: Reprodução/gov.br)


Primeiro comunicado

No início do mês de agosto, os três países já haviam feito a primeira nota pedindo a divulgação dos resultados de forma detalhada, além da realização do processo de forma rápida mas eficiente e que traga veracidade e confiabilidade nas informações.

Ressaltaram ainda as missões de “manter a paz social e proteger vidas humanas” como prioridades do momento, que foi considerado “muito bom” por Maduro.

O governo venezuelano fez diversas prisões em meio às manifestações pós-eleitorais com alegações de fraudes e violações dos direitos humanos, acentuando a desconfiança da população em meio ao resultado obtido.


Civis manifestam contra resultados das eleições que elegeram Maduro (Foto: Reprodução/Pedro Rances Mattey/Anadolu/Getty Images)


Os observadores internacionais que tiveram restrições impostas pela Venezuela, criticaram o processo eleitoral e afirmaram que os padrões democráticos não foram atendidos, questionando a legitimidade das eleições. O Centro Carter, que trabalha como observador independente, afirma que Edmundo González recebeu a maior parte dos votos e, portanto, venceu as eleições.

O secretário do departamento de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou por meio de nota que Nicolás Maduro perdeu as eleições com base em boletins divulgados pela oposição e destacou que a falta de retorno por parte do CNE, comprometeu a credibilidade dos resultados. Além disso, criticam as ameaças feitas contra líderes da oposição, solicitando uma transição tranquila conforme as leis.

Maduro rebateu as acusações e alegou que a declaração feita por Blinken foi uma resposta ao comunicado feito pelo Brasil, Colômbia e México, afirmando que os EUA têm interferido nas eleições da Venezuela.

O atual presidente comentou que tem estabelecido contatos com o Brasil por mediação do assessor Celson Amorim e do ministro Mauro Vieira, mas ainda não teve uma conversa direta com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Negociação da Oposição

A líder da oposição Maria Corina Machado, informou aos jornalistas as condições de negociação com o governo venezuelano que inclui o reconhecimento da vitória de González, uma transição pacífica com base na democracia, o respeito aos direitos constitucionais e a participação ativa nas discussões.

Machado deixou claro que não aceitará Maduro na presidência caso o resultado não tenha sido favorável a ele e que conta com a mediação dos três países, já em participação.

O Tribunal Supremo de Justiça da venezuela convocou nesta quarta-feira (07), candidatos de partidos para a certificação dos resultados, porém González não compareceu, temendo sua prisão, como explicou em comunicado:

“Se eu fosse, estaria em situação de absoluto desamparo (…) O trâmite não se corresponde com nenhum procedimento legal contemplado pela Lei Orgânica do Tribunal Supremo de Justiça ou de outra lei sobre a jurisdição eleitoral.”

Maduro afirmou após as eleições que os opositores deveriam ser presos, alegando que a justiça chegaria a eles. 

Machado comentou que teme a prisão devido aos últimos acontecimentos, lembrando ainda a detenção de uma coordenadora de campanha, María Oropeza, detida sem ordem judicial.

Oropeza que é a atual chefe da campanha de Edmundo González no estado de Portuguesa e ex-coordenadora de María Corina Machado, chegou a gravar o exato momento da prisão declarando que não fez nada de errado, enquanto homens encapuzados arrombaram a porta do seu imóvel.


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Oropeza foi surpreendida por militares que invadiram sua residência e a levaram presa (Vídeo: Reprodução/YouTube/@cnnbrasil)


Maduro não respondeu diretamente a Oropeza, mas fez declarações justificando as prisões realizadas e citou as reações dos EUA em casos semelhantes:

“Se nos Estados Unidos alguém aparece no WhatsApp, ou em rede social, ameaçando matar o presidente, o que acontece com ele? Cadeira elétrica. ‘Tum tum’ Abra a porta”, afirmou Maduro.

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, que tem em sua maioria, aliados de Nicolás Maduro, justificou o atraso na divulgação dos resultados por suspeitas de ataque cibernético que logo foi negado por parte da oposição e dos observadores.

Entre o resultado final com 51,95% de votos para Maduro e 43,18% para González, há a esperança de que os dados sejam revisados pelo CNE e que prevaleça a constituição eleitoral e o pleito de eleitores, garantindo que a vontade do povo seja respeitada, contando ainda com os olhares de diversos países na defesa da democracia.

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