Nesta quarta-feira (18), o Brasil deve se declarar oficialmente livre da gripe aviária em granjas comerciais, segundo informou o Ministério da Agricultura. A decisão será tomada após o país completar 28 dias sem registrar novos focos da doença em produções comerciais, contados desde a desinfecção da granja de Montenegro, no Rio Grande do Sul, onde foi identificado o primeiro caso em maio deste ano. A medida visa restabelecer a confiança sanitária e retomar gradualmente as exportações de carne de frango, atualmente limitadas por bloqueios impostos por dezenas de países.
O reconhecimento do status sanitário será comunicado à Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA) e também aos países importadores. De acordo com o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua, o objetivo é retomar a classificação de país livre da gripe aviária e, com isso, reduzir as restrições comerciais que ainda afetam o setor avícola brasileiro.
Ministério descarta novos casos e reforça segurança sanitária
Desde a confirmação do caso em Montenegro (RS), em 15 de maio, seis suspeitas foram investigadas em granjas comerciais nos estados de Santa Catarina, Tocantins, Minas Gerais e outras regiões do Rio Grande do Sul. Todas foram descartadas após análises técnicas. O último caso suspeito, em Teutônia (RS), chegou a preocupar o setor, mas também foi encerrado sem confirmação da doença.

Ao longo do período, o chamado “vazio sanitário” foi respeitado, garantindo a ausência de vestígios do vírus no ambiente. Segundo o Ministério da Agricultura, esse intervalo é essencial para assegurar que a granja esteja livre do vírus H5N1, agente causador da gripe aviária.
Ainda que o Brasil continue registrando casos em aves silvestres e criações de subsistência — o que não interfere nas exportações, segundo a OMSA —, apenas um foco em granja comercial foi confirmado desde a chegada do vírus ao país em 2023.
Exportações de frango ainda sofrem restrições parciais
Mesmo com o avanço sanitário, as exportações brasileiras de carne de frango ainda enfrentam obstáculos. A União Europeia e outros 20 países mantêm o bloqueio total. Outros 19 impuseram restrições apenas ao estado do Rio Grande do Sul, enquanto quatro países optaram por limitar as compras apenas da região de Montenegro.
O ministro Carlos Fávaro afirmou que a expectativa é de que as restrições comecem a ser flexibilizadas nos próximos dias. Em entrevista à GloboNews, ele declarou que mercados como a China, maior compradora de carne de frango brasileira, devem reduzir gradualmente o embargo, limitando-o apenas às áreas afetadas.
Em maio, as exportações de carne de frango caíram 13% em relação ao mesmo mês de 2024, de acordo com dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Apesar disso, a maior parte da produção segue sendo consumida internamente.
O Ministério da Agricultura reforça que a gripe aviária não é transmitida pelo consumo de carne de aves ou ovos, e que o Brasil nunca registrou casos da doença em humanos.