A disputa pelo conclave teve uma baixa confirmada. Segundo jornais italianos, o cardeal Giovanni Angelo Becciu, que teve os direitos ligados ao cardinalato suspensos após ser condenado por peculato, abriu mão de participar da eleição para o novo pontífice.
Na semana passada, o religioso causou polêmica ao tentar convencer o Vaticano a permitir sua participação na votação.
Renúncia em meio a acusações
Antes visto como possível sucessor de Francisco, Becciu viu seu panorama mudar após ser acusado de envolvimento em um escândalo financeiro.
Após a abertura de uma investigação sobre a compra irregular de um imóvel de luxo em Londres, o cardeal renunciou aos direitos ligados ao cardinalato em 2020. Na ocasião, o Vaticano anunciou que o papa Francisco havia aceitado sua renúncia.
As investigações apontaram que, em 2014, o Vaticano gastou mais de US$ 200 milhões na aquisição do imóvel. Segundo a BBC, parte da verba deveria ter sido destinada a obras de caridade.
O acordo foi firmado por Becciu, então chefe de gabinete do papa. Além disso, ele também teria desviado recursos para sua cidade natal, na Sardenha, beneficiando familiares.
Becciu foi condenado em dezembro de 2023 a cinco anos e seis meses de prisão, além da inabilitação perpétua para funções públicas, por peculato e abuso de poder. A decisão do Tribunal do Vaticano ainda é objeto de recurso, e ele permanece em liberdade.
Tentativa de retorno à disputa
Becciu alegou ter direito vitalício ao cardinalato e, um dia após a morte do papa, anunciou sua ida a Roma para participar do conclave.
De acordo com o jornal Domani, Pietro Parolin, cardeal e secretário de Estado de Francisco por anos, entregou a Becciu dois documentos assinados pelo papa Francisco — um de 2023 e outro do mês passado — confirmando que ele estava proibido de participar da eleição. Ainda segundo o jornal, Parolin também apresentou os documentos aos cardeais reunidos.


Descrédito pós-escândalo
Durante anos, Becciu foi uma das figuras mais próximas e influentes do papa Francisco, ocupando cargos estratégicos na estrutura do Vaticano.
Em 2018, ao ser nomeado cardeal, seu nome passou a circular entre os possíveis candidatos a futuro pontífice. No entanto, as acusações de má gestão de recursos e desvio de fundos para sua cidade natal mudaram o rumo de sua carreira.
Desde o escândalo, o religioso insiste em sua inocência e lamenta a perda de confiança por parte do papa.