Caso Daniel Alves: câmera contida em uniforme policial grava relatos da vítima e vira prova contra o atleta

Letícia Guedes Por Letícia Guedes
4 min de leitura
Foto Destaque: registro de Daniel Alves em uma coletiva de imprensa no final de 2022 (Reprodução/Andre Penner/AP/G1)

O julgamento do atleta Daniel Alves teve seu fim nesta quarta-feira (7). Além do depoimento do acusado, foram apresentadas as imagens da câmera de peito usada por um dos policiais presentes na boate, local que Alves teria agredido sexualmente uma jovem de 23 anos em 30 de dezembro de 2022.

Segundo o próprio profissional, a câmera foi acionada de maneira acidental e ele só percebeu que estava sendo gravado após algumas horas. No entanto, o registro acabou virando objeto de investigação primordial, uma vez que contém relatos da vítima. Após o ocorrido, a mulher foi conversar com o policial sobre a situação e parecia bem abalada.

Detalhes sobre os relatos coletados pela câmera

De acordo com as provas divulgadas, a jovem chorava inconsoladamente ainda dentro da boate e contou ao oficial o que tinha acontecido. Na situação, ela diz se sentir envergonhada e acuada caso não acreditem em sua versão, principalmente por ter concordado em entrar no banheiro com o jogador no primeiro instante. Em alguns momentos do vídeo, é possível ouvir frases como “ele me bateu” e “ele me jogou no chão.”

“Eu entrei de maneira voluntária no banheiro, e depois de nós darmos uns beijos, eu disse que queria sair, mas ele disse que não e fechou a trinca da porta. Ele começou a me dizer coisas desagradáveis, como ‘você é minha p*’ e também começou a me bater. Ele jogou minha bolsa no chão e tirou a minha roupa”.

Relato da jovem de 23 anos

A jovem também alega não ter interesse de denunciar Alves. Ao ouvir o desabafo da vítima, o oficial a aconselha ir para um hospital fazer exames e assegura que, ao registrar seu nome, ele somente apareceria em documentação judicial.

Por fim, o policial tenta tranquilizar a moça e diz que ela poderia sim entrar voluntariamente no ambiente privado com o jogador, mas ainda sim negar qualquer tipo de ato sexual. “É para isso que serve a lei” diz o profissional se referindo à lei espanhola intitulada “Só sim é sim”. Em dado momento, a câmera desliga por conta de sua bateria.

Os vídeos foram apresentados pela advogada da vítima junto de laudos médicos

Atrelado às filmagens, também participaram da audiência médicos e psicólogos que atenderam a jovem. Segundo os especialistas, ela parecia responder os questionamentos de forma coerente e lúcida, mas ainda tensa e nervosa pelo episódio.


depoimento daniel alves
Imagens feitas dentro do Tribunal da Espanha durante o julgamento do jogador Daniel Alves (Foto: reprodução/Jordi Borras/Pool/AFP/otempo.com)

Ademais, os profissionais alegaram que as escoriações no joelho apresentadas no corpo da vítima não poderiam ser totalmente determinadas como parte certeza da agressão, uma vez que era apresentado como lesão de menor profundidade. Daniel Alves está detido preventivamente há mais de um ano e espera sua sentença final após a averiguação do júri. Seguindo o Códio Penal Espanhol, se condenado, o jogador pode receber de quatro à doze anos de prisão.

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