Caso Marielle: ex-chefe da Polícia Civil do RJ nega envolvimento com os irmãos Brazão

Ana Livia Menezes Por Ana Livia Menezes
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Foto Destaque: Durante a cerimônia de inauguração da Delegacia Especial para Crimes Raciais, em dezembro de 2018, o delegado Rivaldo Barbosa fala no Rio de Janeiro (Reprodução/ Mauro Pimentel/Getty Images Embed)

O ex-chefe da Polícia Civil do RJ suspeito no caso do assasinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Torres, prestou depoimento à Polícia Federal na Penitenciária Federal de Brasília, na segunda-feira (3).

Rivaldo Barbosa disse à Polícia Federal que não atuou para atrapalhar as investigações do caso Marielle e afirmou em depoimento que não possui nenhuma relação com os irmãos Chiquinho Brazão e Domingos Brazão, acusados de serem os mandantes do crime que aconteceu em 2018.


Protesto em Berlim contra o assassinato da vereadora Marielle Franco e do seu motorista Anderson Pedro Gomes (Foto: Reprodução/Emmanuele Contini/Getty Images Embed)


“Cadê as conversas que teria tido com ele? Se foi combinado um ano antes que ele recebesse um valor para poder não investigar um crime que acontecia no futuro, cadê qualquer elemento em relação a isso? Não tem, a Polícia Federal não conseguiu trazer isso e ficou muito claro no depoimento de que realmente ele nunca teve contato com ninguém’’, disse o advogado Marcelo Ferreira. O ex-chefe da polícia respondeu todas as perguntas e entregou seu celular com suas senhas aos investigadores.

O delegado Rivaldo Barbosa e os irmãos estão presos desde o dia 24 de maio, após o relatório final da investigação indicar que Domingos e Chiquinho contrataram o ex-policial militar Ronnie Lessa para matar a vereadora Marielle. Rivaldo Barbosa é acusado de dificultar as investigações no caso. Até o momento, todos os acusados negam ter cometido os crimes.

Delação premiada

Em um acordo de delação premiada firmado com a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República no segundo trimestre de 2017, o ex-policial militar Ronnie Lessa revelou que Chiquinho, então vereador do Rio, mencionou “efeitos descontrolados” na atuação de Marielle em relação à votação do projeto de lei número 174/2016 na Câmara. Chiquinho e seu irmão buscavam regularizar um condomínio em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, sem considerar áreas de interesse social, visando à especulação imobiliária.

Lessa também afirmou que Barbosa desempenhou um papel crucial nos homicídios, agindo para garantir que o inquérito policial não identificasse os verdadeiros responsáveis pela ação criminosa.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma que Domingos e Chiquinho deram a ordem para os homicídios e defendiam os interesses de milícias nas instituições do Estado. Ambos foram denunciados também por organização criminosa.

O documento revela que os irmãos informaram Rivaldo sobre o plano de assassinar o parlamentar. Rivaldo, então chefe da Polícia Civil, teria usado sua autoridade para garantir a impunidade dos autores do crime.

Mudanças na polícia

É importante destacar que Rivaldo, na época diretor da Divisão de Homicídios, foi nomeado chefe da Polícia Civil um dia antes das execuções. Seu aval era essencial para o plano dos irmãos Brazão, já que ele controlava os meios necessários para assegurar a impunidade, ressalta o vice-procurador-geral da República Hindenburg Chateubriand Filho, que assina a denúncia.

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