Um advogado brasileiro foi condenado, nesta quarta-feira (20), a dois meses de prisão enquanto trabalhava como visitante em um escritório nos Estados Unidos. Ele é acusado de cometer “insider trading”, crime relacionado ao mercado de ações, quando alguém recebe informações privilegiadas para obter vantagens nos negócios.
Um advogado estrangeiro
O carioca Romero Cabral da Costa Neto, 33, advogado licenciado do escritório brasileiro Mattos Filho, trabalhava como advogado visitante não licenciado para o escritório estadunidense Gibson, Dunn & Crutcher desde setembro de 2022. O advogado recebia um salário de mais de US$200 mil ao ano.
De acordo com o Departamento de Justiça, ele acessou documentos internos de clientes importantes do escritório, como a farmacêutica CTI BioPharma, e realizou uma série de transações com documentos dessas empresas. No caso da CTI BioPharma, o acesso às informações sigilosas permitiu que Costa Neto negociasse ações na bolsa durante a aquisição de US$ 1,7 bilhão da empresa pela Swedish Orphan Biovitrum, em maio. No dia anterior do anúncio na bolsa de valores, ele comprou 10 mil ações da empresa, vendendo-as no dia seguinte, o que lhe rendeu um lucro de US$42 mil.
Movimentações na bolsa de valores (Foto: reprodução/Manusapon Kasosod/Getty Images)
O que diz a defesa
A defesa de Costa Neto, o também advogado Blake Goebel, disse que a conduta de seu cliente é “uma grande aberração em uma vida que, até então, tem sido exemplar”. Ele também disse que Costa Neto é um pai e um marido dedicado, e que sente muita falta da sua família, que mora no Brasil.
Desde que foi detido, em agosto deste ano, a defesa vinha tentando uma redução na sentença. Os procuradores federais queriam que ele cumprisse oito meses de prisão. Blake Goebel solicitou que a sentença fosse composta do tempo que o seu cliente já passou preso, cerca quatro meses, mais uma liberdade supervisionada, suspensa assim que o brasileiro deixasse os EUA. A ideia de Costa Neto era deixar o país imediatamente. O juiz Carl J. Nichols, de Washington, sentenciou uma pena de dois meses de prisão, a ser cumprida a partir de janeiro de 2024.
Foto Destaque: cruzamento entre a Brodway e a Wall Street, centro financeiro dos Estados Unidos e do mundo (Reprodução/TravelScape/Pixabay)
