Agricultores dizem viver drama com instalação de parque eólico em Caetés (PE)

Welyson Lima Por Welyson Lima
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Em Caetés, cidade de 28 mil habitantes e localizada a 245 km de Recife, conhecida como local de nascimento do presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), agricultores vivem drama em razão de consequências advindas da instalação de parques eólicos próximos de suas residências. Segundo moradores, problemas como medicação para insônia e ansiedade, assim como problemas de audição passaram a ser comuns entre as pessoas que moram por perto.


Comunidade de Sobradinho, Caetés (PE). (Foto: Reprodução/G1)


Situação dramática

Os moradores da região relatam que as torres, com 120 metros de altura e hélices de 50, têm causado problemas de ansiedade, insônia e até depressão. Alguns dos moradores já estão vivendo mediante medicamentos, como ansiolíticos. De acordo com eles, muitos se assustam em razão da sombra provocada pelas hélices. Outros tiveram que abandonar suas fazendas e deixar o local.  Os parques de geração de energia, totalizando 220 torres, foram instalados na zona rural de Caetés, nas comunidades rurais de Sobradinho e Pau Ferro.

As duas comunidades se encontram cerca de 10 km da réplica da de Dona Lindu, mãe do presidente Lula. Quando Lula nasceu, a cidade de Caetés era ainda distrito de Garanhuns. Em 1963, ela se emancipou.

O governo federal recentemente fez anúncio de investimento para os próximos anos para a cidade.  O investimento é em torno de R$ 50 bilhões na chamada transição energética, que tem a pretenção de realizar a substituição de combustíveis fósseis por recursos renováveis, causando menos impactos ao meio ambiente, por meio de energia eólica e solar.

Mais investimentos no setor

No Brasil, existem 890 parques eólicas, que são responsáveis por 13% de toda energia elétrica gerada. A expectativa é de, até o fim do ano, chegar ao número de mil usinas. Recentemente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), comunicou que um conjunto de investimentos em políticas ambientais será realizado através do programa “Plano Verde”, que pretende, além de outras políticas públicas, ter como foco a questão da energia eólica.

Os parques eólicos de Pau Ferro e Sobradinho pertencem atualmente às empresas Echoenergia e AES Brasil. A Echoenergia diz já ter investido R$ 25 milhões em melhorias na estrutura e acústica das casas de 129 famílias, no entanto, alega que um grupo de moradores não aceitou as reformas. A AES Brasil, por sua vez, diz que em novembro de 2022 assumiu Sobradinho e que mantém diálogo “permanente com os representantes da comunidade em busca de uma solução que priorize o bem-estar e a segurança de todos”, afirma.

Em Caetés, a zona rural é dividida em pequenas propriedades de caatinga. Para o prefeito de Caetés, Nivaldo Martins (Republicanos), a instalação dos parques eólicos trouxe mais benefícios às pessoas que problemas de saúde, mas nega a participação da prefeitura nas negociações com empresas, como diz não ter direito a royalties pela energia gerada nas comunidades da zona rural de Caetés.

Foto Destaque: Parque eólico de Caetés. Reprodução/G1

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