Com uma inflação acumulada de 11,3% nos últimos 12 meses, o brasileiro vê sua renda real chegar a R$ 2.548, a menor para um primeiro trimestre do ano desde 2012, ou seja, em uma década. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) de março, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A pandemia de covid-19 causou uma das maiores crises econômicas e sanitárias do século XXI. O Brasil é um dos países que mais sofreram com os efeitos dela, tanto na saúde quanto na economia. Diante disso, é possível observar o empobrecimento dos brasileiros durante este período, em que a renda média do brasileiro retraiu mais de 10 anos e ainda vive uma das piores inflações dos últimos 30 anos.
Brasileiro vive uma das piores inflações dos últimos 30 anos. (Reprodução/Olhar Digital)
A pesquisa do IBGE, via Pnad mostra que a renda média dos trabalhadores diminuiu quase 9% na comparação anual. Em um primeiro trimestre, é a menor renda média registrada desde o início dessa forma de medição, em 2012. Essa queda na renda aparece em outro levantamento baseado nos dados do IBGE.
Para ser mais preciso, o rendimento real habitual foi de R$ 2.548, alta de 1,5% na comparação com o quarto trimestre (R$ 2.510), mas queda de 8,7% em relação a um ano atrás (R$ 2.789).
O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), André Braz, destaca que a inflação vem consumindo o salário dos trabalhadores e a alimentação está entre os principais desafios.
“A previsão da inflação para o ano é que termine em 7,7% e da alimentação em 13%. Para o trabalhador de baixa renda, de até dois salários mínimos e meio, o avanço do preço dos alimentos é o que mais onera o orçamento”, pontuou.
Um levantamento da consultoria IDados, com base na Pnad, informa que mais de 33 milhões de brasileiros recebiam um salário mínimo ou menos no final de 2021. Dessa forma, este é o maior contingente desde o início da série histórica, que começou em 2012, e representa cerca de 35% dos brasileiros que trabalham.
Foto destaque: Intabilidade barra o crescimento do mercado de trabalho. Reprodução/Suno.