A assembleia geral de credores (AGC) da Americanas deu sinal verde ao plano de recuperação judicial proposto pela varejista, em uma decisão que contou com a adesão de 91,14% dos votantes.
O processo, que teve mais de seis horas de duração, foi marcado por mudanças e introdução de cláusulas adicionais na proposta, suscitando questionamentos dos credores. Apesar das alterações, a varejista afirmou que estas foram “pontuais”, enquanto alguns credores pediram mais tempo para avaliação.
A sessão, iniciada às 14h (horário de Brasília), esteve à beira da suspensão devido a essas mudanças.
Acionistas majoritátios Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Hermann Telles (Reprodução: 3G Capital)
Aprovação com adesão expressiva
Com adesão expressiva de 97,36% dos credores da classe 3, que incluem fornecedores e bancos com maior exposição à dívida da Americanas, a aprovação possibilita a execução do plano, que prevê uma capitalização de R$ 24 bilhões. O aporte será dividido entre os acionistas, Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira, Marcel Telles (R$ 12 bilhões) e bancos credores (R$ 12 bilhões), convertendo créditos em ações da empresa.
Percurso e desafios
Após 11 meses desde a descoberta de inconsistências contábeis e um rombo de R$ 42,5 bilhões, a Americanas enfrentou diversos desafios, incluindo fraudes, exclusão do Ibovespa e uma queda acentuada nas ações.
O plano visa a reestruturação da dívida, com a venda de ativos, como Hortifruti Natural da Terra e do grupo Uni.co, além da promessa de pagamento integral de dívidas trabalhistas e de micro e pequenos empreendedores.
Diluição e expectativas futuras
Apesar do aporte essencial para a empresa, a capitalização implicará em uma diluição significativa para os acionistas não participantes da operação, sendo uma consequência esperada do rombo contábil revelado.
Ao preço de R$ 1,30 por ação, a Americanas emitirá mais de 18 bilhões de novas ações, resultando em uma diluição de pouco mais de 95%. A expectativa é que, após a capitalização, os acionistas majoritários aumentem consideravelmente sua participação na empresa.
Desdobramento pós-aprovação e vendas de ativos
Após a aprovação do plano, a Americanas enfrentará o desafio da capitalização, com destaque para a assembleia que aprovará o aumento de capital de R$ 24 bilhões. Além disso, a varejista indicou a intenção de promover vendas de ativos, visando o pagamento antecipado de dívidas.
A expectativa é que, ao final do processo de recuperação judicial, a empresa alcance uma dívida bruta de R$ 1,87 bilhão.
Mudanças no plano de recuperação judicial
Durante a AGC, foram introduzidas mudanças e cláusulas adicionais no plano original, buscando abordar a complexidade da dívida e particularidades operacionais.
Algumas das alterações incluem redução de prazos, explicitação de condições de pagamento, esclarecimentos sobre a escolha de opções de reestruturação e ajustes em cláusulas diversas.
Perspectivas
A aprovação do plano de recuperação judicial representa um marco para a Americanas, permitindo avançar na reestruturação financeira e operacional. Mas os desafios não acabam por aí — o desdobramento da capitalização, a venda de ativos e a recuperar a confiança do mercado será crucial para a retomada da varejista em meio ao cenário atual.
Foto de Capa: fachada de filial das Lojas Americanas (Reprodução: Igo Estrela/Metrópoles)