Argentina encerra o ano com a maior inflação acumulada desde 1990

Letícia Guedes Por Letícia Guedes
4 min de leitura

De acordo com dados do Instituto de Estatísticas local, o país atingiu o patamar de 160,9% somando todos os meses de 2023. O resultado está no ranking de maior inflação anual desde a crise econômica atingida pela Argentina na década de 90, que foi ocasionada pela “dolarização” de sua moeda e, consequentemente, por dívidas grandiosas. Na época, a inflação do país alcançou a marca de 1.300%. Na última terça-feira (12), o novo ministro da economia, Luis Caputo, anunciou uma política financeira intitulada “Plano Motosserra”, que visa melhorar a situação do país daqui para a frente.

Detalhes sobre o “Plano Motosserra”

Este novo traçado apresenta um pacote fiscal com nove medidas que serão implementadas a partir do dia 1° de janeiro de 2024. O nome “Motosserra” faz alusão às emendas políticas idealizadas e compartilhadas por Javier Milei, que levou a vitória nas eleições presidenciais da Argentina no mês passado. Em resumo, as nove medidas são:

  1. Desvalorização do peso argentino
  2. Suspensão de novos editais de obras públicas
  3. Redução do subsídio de tarifas como energia e meios de transportes
  4. Reduzir ao mínimo transferências às províncias
  5. Suspensão de publicidade do governo durante o período de um ano
  6. Não renovação de contratos de funcionários públicos com menos de um ano de serviço
  7. Mudança na estrutura do governo ao diminuir secretarias e ministérios
  8. Priorização de projetos/programas sociais que visam atender os mais necessitados com a crise
  9. Substituição do sistema de importações para um que não exigirá informações de licença prévia

Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), as medidas, mesmo que audaciosas e rígidas, serão fundamentais para a estabilização da economia do país. Como por exemplo, em relação à primeira norma, ligada a desvalorização ainda maior da moeda, Luis Caputo explica que o objetivo é “ajustar a taxa de câmbio oficial para que os setores produtivos tenham os incentivos adequados para aumentar a produção”. As novas mudanças também já faziam parte da expectativa da população argentina, uma vez que acompanhavam o discurso e planos de Milei ao longo de sua corrida eleitoral. De acordo com o próprio presidente, é necessário passar por situações mais difíceis agora para alcançar grandes avanços no futuro.

Motivos da crise econômica da Argentina


Imagem mostra o valor do peso argentino diante de outras moedas (Foto: reprodução/Luis Robayo/AFP/cartacapital.com)


O país vizinho tem em sua história uma série de crises financeiras para se compreender. Entre as principais razões para esta problemática está a grande desvalorização de sua moeda, que proporciona grandes instabilidades nas taxas cambiais em relação à exportação de seus comodities, além de uma grande inflação dos produtos e, consequentemente, elevação do custo de vida por parte da população. Ademais, os cofres argentinos sofrem com a presença de dívidas externas significativamente elevadas e reservas limitadas, mediante a discrepância entre a entrada e saída do dólar no país. 

Foto Destaque: ilustração de uma pessoa pagando mercadoria com peso argentino. Reprodução/Brainsil/Istockphotos.com

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