Astrônomos encontram “bolha de galáxias” datadas do início do Universo

Victor Kallut Por Victor Kallut
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Em estudo publicado na revista Astrophysical Journal durante esta semana, um grupo de astrônomos revelou ter descoberto uma “bolha de galáxias” datada em cerca de 140 mil anos. A estrutura tem aproximadamente um bilhão anos-luz de diâmetro, o que é 10 vezes maior do que nossa galáxia.

 

Universo próximo

Ela está localizada no que é chamado, pelos cientistas, de “Universo próximo”, a 820 milhões de anos-luz de distância da nossa galáxia, a Via Láctea. De acordo com Daniel Pomarède, astrofísico e coautor do estudo, seu formato é como de uma “concha esférica como um coração”. E seu coração seria formado de um superaglomerado de galáxias Bouvier, rodeado por um grande vazio e envolvido por outros superaglomerados e filamentos galácticos.

A descoberta valida um fenômeno descrito na década de 1970 pelo cosmólogo americano e ganhador do prêmio Nobel, Jim Peebles, que afirma que, no início do universo primordial, que era constituído por um plasma de partículas e também luz, os processos ocorridos nele produziam ondas acústicas. Essas vibrações criaram, nesse plasma, algo semelhante a bolhas com matéria no centro.

Entretanto, esse processo foi interrompido quase 400 mil anos após o Big Bang, quando o formato dessas bolhas foi “congelado”. Depois, elas chegaram a crescer, mas como “fósseis” dessa época distante. Este fenômeno, que foi apelidado de Oscilações Acústicas Bariônicas (BAO), foi indiretamente comprovado em 2005 a partir de análises de catálogos de galáxias.



Telescópio James Webb fotografa pontos nunca antes vistos do Universo. (Foto: reprodução/Nasa)


Descoberta inesperada

A descoberta foi batizada de Ho’oleilana, palavra de um canto de criação havaiano que significa “murmúrios do despertar”, e ocorreu de uma forma inesperada. Pomarède estudava uma cartografia desta região do céu que, segundo ele, “era uma espécie de ‘terra incógnita’ para nós“.

Então, outro pesquisador foi contadado: Cullan Howlett, da Universidade de Brisbane, especialista em BAO. Ele, então, determinou determinou matematicamente a estrutura esférica que melhor correspondia aos dados fornecidos por Daniel.

 

Foto destaque: Imagem mostra uma representação 3D da ‘bolha de galáxias’, colorida em marrom. Reprodução/Frederic Durillon e Daniel Pomarede / Animea Studio/CEA / AFP.

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