Nesta segunda-feira (4), uma nova onda de intensos bombardeios israelenses atingiu o sul da Faixa de Gaza, resultando em dezenas de palestinos mortos e feridos, incluindo áreas onde Israel havia aconselhado a população a buscar abrigo, conforme relatos de moradores e jornalistas locais. Simultaneamente, tropas e tanques israelenses intensificaram sua campanha em solo contra militantes do Hamas, especialmente no sul do enclave, após terem obtido controle majoritário da região norte, que já está devastada pelo conflito.
Posicionamento da ONU
António Guterres, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, solicitou ao Israel para evitar ações que agravem a já delicada situação humanitária da Faixa de Gaza, pedindo a preservação dos civis diante de mais sofrimento. Já o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, ressaltou a escassez de lugares seguros para aqueles aconselhados a se retirar. Enquanto os habitantes desesperados da Faixa de Gaza buscam áreas mais seguras, o diretor da agência da ONU para refugiados palestinos em Gaza (UNRWA), Thomas White, apontou a ausência de respostas para aqueles em busca de orientação sobre locais seguros.
Apesar das instruções israelenses para que os palestinos deixem áreas de Khan Younis, no sul de Gaza, relatos de residentes afirmam que os locais designados como refúgio também foram alvo de ataques. Na parte norte do enclave, a agência de notícias oficial palestina Wafa informou sobre pelo menos 50 vítimas em um ataque aéreo israelense que atingiu duas escolas com desabrigados no bairro de Daraj, na cidade de Gaza.
Menino palestino com bebê no colo, em área bombardeada por Israel na Faixa de Gaza (Foto: reprodução/Mohammed Salem/REUTERS)
Conflito
O Ministério da Saúde de Gaza afirmou que, nas últimas oito semanas de conflito, pelo menos 15.899 palestinos perderam a vida devido aos bombardeios israelenses, sendo 70% mulheres e menores de 18 anos. Além disso, há milhares de pessoas desaparecidas, possivelmente sob os escombros.
O conflito teve início com uma ofensiva israelense para eliminar o Hamas em retaliação aos ataques realizados pelos membros do grupo em 7 de outubro, resultando na morte de 1.200 pessoas, segundo contagens israelenses. Esse foi o dia mais letal na história de Israel em seus 75 anos.
O bombardeio noturno em Rafah deixou uma cratera do tamanho de uma quadra de basquete no solo, evidenciando a devastação causada. Moradores desolados, carregando corpos de crianças entre os escombros, expressavam sua indignação, questionando a real existência de áreas seguras na Faixa de Gaza.
Foto destaque: bombardeio israelense em Rafah, no sul da Faixa de Gaza (Reprodução/Mohammed Abed/AFP)