Atos Golpistas: seis meses depois, perguntas seguem sem respostas

Ana Júlia Silveira Por Ana Júlia Silveira
4 min de leitura

O dia Oito de janeiro de 2023 marcou um dos episódios mais turbulentos da história recente do Brasil, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Seis meses após os atos golpistas, ainda há muitos pontos em aberto e perguntas sem respostas definitivas.


Confira imagens de como foram os atos do 8 de janeiro (Vídeo: reprodução/YouTube/O Globo)


As investigações para identificar os responsáveis e financiadores dos ataques continuam em andamento. Até o momento, 211 pessoas permanecem presas, e a Procuradoria-Geral da República (PGR) já denunciou 1.295 envolvidos. O Supremo Tribunal Federal (STF) abriu 617 ações penais contra acusados de serem executores ou incentivadores dos atos. A Polícia Federal também tem realizado ações para identificar suspeitos de financiar os eventos, com mandados de prisão e busca e apreensão cumpridos.

No âmbito do Congresso, foi instalada uma Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI) para apurar as responsabilidades pelos atos golpistas. No entanto, até o momento, apenas sete reuniões foram realizadas, com o interrogatório de oito pessoas. A expectativa está no depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que pode trazer informações relevantes sobre uma suposta trama para dar um golpe de Estado.

O ex-presidente Jair Bolsonaro também foi incluído como investigado no inquérito conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes no STF, que apura a autoria intelectual dos atos. Em seu depoimento, Bolsonaro alegou que compartilhou um vídeo “sem querer”, mas as suspeitas de incitação pública à prática de crime permanecem.

Outro ponto em destaque é a atuação do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, que pediu demissão após a divulgação de imagens mostrando sua movimentação durante a invasão dos Poderes. Surgiram questionamentos sobre a atuação do general e de seus homens para conter os extremistas.


Entenda as imagens responsáveis pelo pedido de demissão de Gonçalves Dias (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)


As investigações também podem esclarecer as conexões entre os atos de 8 de janeiro e episódios anteriores, como a minuta de um decreto presidencial encontrada com o ex-ministro Anderson Torres e um plano de grampo ao ministro Alexandre de Moraes apresentado pelo ex-deputado Daniel Silveira. Ambos os episódios buscavam criar instabilidade institucional para questionar o resultado das urnas.

Além disso, o financiamento dos atos golpistas também é um ponto importante. Os danos estimados ao patrimônio público chegam a R$ 26,2 milhões, e a Advocacia-Geral da União (AGU) obteve o bloqueio de bens contra pessoas físicas e empresas acusadas de financiar ou participar dos eventos, mas ainda não se conhece a totalidade dos facilitadores ou financiadores da depredação.

Seis meses após os atos golpistas de 8 de janeiro, muitas perguntas ainda não foram respondidas. As investigações continuam em andamento, e espera-se que os desdobramentos futuros tragam mais clareza sobre os responsáveis e os motivos por trás desses eventos que abalaram a democracia brasileira.

Foto Destaque: estátua “A Justiça”, em frente ao prédio do STF durante os atos golpistas de 8 de janeiro. Reprodução/Joedson Alves/Agência Brasil

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