Batalha entre Lula e Bolsonaro: Rejeição dos candidatos à Presidência é a mais alta desde a eleição de 1989

Giovana Sedano Por Giovana Sedano
6 min de leitura

Restando pouco mais de seis meses para o primeiro turno das eleições de 2022, pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira aponta que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue liderando a disputa pela Presidência com 43% das intenções de voto. O presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece em segundo lugar com 26%, desempenho superior ao que vinha registrando em rodadas anteriores de pesquisas do instituto. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Mais atrás, aparecem os candidatos do Podemos, Sergio Moro, com 8%, e do PDT, Ciro Gomes, com 6%.

Levantamento do GLOBO a partir do banco de dados do Centro de Estudos de Opinião Pública (Cesop/Unicamp), Datafolha, Ibope e Ipec revela que, pela primeira vez, um dos dois pré-candidatos mais bem colocados na preferência popular, o presidente Jair Bolsonaro (PL), ultrapassa a barreira dos 50% de rejeição em meados do ano eleitoral.

Os dados mostram também que o ex-presidente Lula (PT), pré-candidato ao Planalto, atingiu, em março de 2022, 37% de rejeição na pesquisa mais recente do Datafolha, passando a ex-presidente Dilma Rousseff, que detinha o recorde da sigla em período semelhante da fase pré-eleitoral. Lula está em patamar numericamente superior aos 34% de agosto de 2018, quando estava preso em Curitiba.

A sedimentação da polarização entre o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), combinada com a fraqueza da terceira via – o mais bem posicionado até o momento é o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que, na mais recente pesquisa Ipespe, atingiu apenas 8% das intenções de voto – tem gerado o seguinte questionamento: a eleição presidencial poderá ser definida já no primeiro turno, embora este não seja o cenário-base, essa possibilidade não deve ser totalmente descartada, principalmente se a terceira via não decolar.

Conforme se observa na tabela a seguir, a polarização Lula x Bolsonaro é a mais forte desde as eleições presidenciais de 2006, quando o embate Lula x Alckmin concentrou mais de 90% dos votos válidos. Naquele pleito, Lula não se reelegeu em primeiro turno por apenas 1,56 ponto percentual.


Tabela com dados das eleições presidenciais desde 1989 (Foto: Reprodução/OBrasilianista)


No pleito deste ano, temos em comum com 2006 o fato de, neste momento, as alternativas fora da polarização terem baixa densidade eleitoral. Em 2006, por exemplo, Heloisa Helena (PSOL), que foi a terceira colocada, obteve uma votação muito próxima dos percentuais que Ciro possui hoje. Já nos pleitos seguintes – 2010, 2014 e 2018 –, tivemos candidaturas que conquistaram mais de 10% dos votos válidos e ficaram na terceira posição, ajudando a forçar o segundo turno. Esse foi o caso de Marina Silva em 2010 e 2014 e de Ciro em 2018. Como na reta final do primeiro turno é comum ocorrer um movimento em favor do voto útil, se até outubro as candidaturas da terceira via permanecerem enfraquecidas, e dado o cenário que o eleitor parece estar antecipando o segundo turno no primeiro ao declarar de forma antecipada sua intenção de voto em Lula ou Bolsonaro, cresce a possibilidade de a eleição se definir ainda no primeiro turno.

Uma boa notícia para Bolsonaro é que, como ocorre em outras regiões do país, a sua imagem vai melhorando. Segundo a Genial/Quaest, a taxa dos que avaliam de forma negativa o seu governo caiu de 50% em março para 45% agora, enquanto a do eleitorado que vê a gestão como positiva subiu de 23% para 28%.

A má notícia é que 64% dos eleitores mineiros acham que Bolsonaro não merece ser reeleito – em março, esse porcentual era de 68%. Já o contingente dos que acham que ele deve ganhar mais quatro anos no poder subiu de 23% para 28%.

Ganhar em Minas Gerais, o maior colégio eleitoral do país (10,7% do total), é fundamental para qualquer tentativa de conquistar a Presidência da República – desde a redemocratização do Brasil, todos o candidatos que triunfaram no estado chegaram ao Palácio do Planalto. Em 2014, por exemplo, Dilma Rousseff venceu o ex-governador mineiro Aécio Neves (PSDB) em seu reduto nos dois turnos da eleição presidencial, desempenho que foi considerado decisivo para a vitória da petista.

Veja o percentual de intenções de voto dos candidatos – Cenário 1:

Lula (PT) – 43%

Bolsonaro (PL) – 26%

Sergio Moro (Podemos) – 8%

Ciro Gomes (PDT) – 6%

João Doria (PSDB) – 2%

André Janones (Avante) – 2%

Simone Tebet (MDB) – 1%

Felipe D’Ávila (Novo) – 1%

Vera Lúcia (PSTU) – 1%

Leonardo Péricles (UP) – não chegou a 1%

Brancos ou nulos – 6%

Não souberam responder – 2%

Veja o percentual de intenções de votos dos candidatos – Cenário 2:

Lula (PT) – 43%

Bolsonaro (PL) – 26%

Sergio Moro (Podemos) – 8%

Ciro Gomes (PDT) – 7%

André Janones (Avante) – 3%

Eduardo Leite (PSDB) – 1%

Simone Tebet (MDB) – 1%

Vera Lúcia (PSTU) – 1%

Felipe D’Ávila (Novo) – não chegou a 1%

Leonardo Péricles (UP) – não chegou a 1%

Brancos ou nulos – 7%

Não souberam responder – 3%

 

Foto Destaque: Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo

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