Brasil propõe resolução pacífica entre Venezuela e Guiana ao Mercosul

Alexandre Kenzo Por Alexandre Kenzo
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Na reunião da cúpula do Mercosul, que deve começar no Rio de Janeiro nesta quinta-feira (7), ficou antecipado que a política internacional a ser adotada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em sua fala teve o foco na solução pacífica das tensões entre Venezuela e Guiana, com menção crítica à retórica de Nicolás Maduro sobre anexação forçada de território.

Trata-se de mais um caso do cenário pós-pandêmico, parece ser marcado por tais tensões e conflitos: entre Rússia e Ucrânia, Israel e Hamas (que dizem representar a Palestina), e agora possivelmente também Venezuela e Guiana, embora este último seja considerado por especialistas como muito improvável de se intensificar a ponto de uma investida bélica de fato.

Lula pregou principalmente o fim das hostilidades na cúpula do Mercosul, que contém a Venezuela, além da Argentina, Paraguai, e Uruguai. A Guiana não é integrante deste bloco.


Irfaan Ali, presidente da Guiana, chama a Venezuela de "imprevisível".

Irfaan Ali, presidente da Guiana, chama a Venezuela de “imprevisível”. (Foto: reprodução/Facebook/@presidentirfaanaligy)


Posição do Brasil

Não queremos que esse tema contamine a retomada do processo de reintegração regional ou constitua ameaça à paz e à estabilidade,” disse Lula. “Caso considerado útil, o Brasil e o Itamaraty estarão à disposição para sediar qualquer e quantas reuniões forem necessárias. Nós vamos tratar com muito carinho. Porque uma coisa que nós não queremos na América do Sul é guerra. Não precisamos de conflitos.

Atualmente, a posição brasileira – elogiada por Irfaan Ali, presidente da Guiana, como “muito madura” – será ainda reafirmada em ao menos dois outros foros internacionais: a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Além disso, deve repercutir na Organização das Nações Unidas (ONU) quando a Guiana a acionar.

Em fala, o presidente brasileiro também afirmou que evitar uma guerra seria um bloqueio facilitado por um acordo entre o Mercosul e a União Europeia, o que não tem sido bem sucedido há duas décadas.

Nem tudo acontece como a gente quer e no tempo que a gente quer,” Lula afirmou em fala. “Meu lema é não desistir nunca; não há nada que não seja possível realizar. Isso vale para tentativa de acordo com UE, que já acontece há 23 anos.


Nicolás Maduro comemora o resultado do referendo.

Nicolás Maduro comemora o resultado do referendo que iniciou as tensões. (Foto: reprodução/Matias Delacroix/AP Photo/G1)


Nicolás Maduro

As tensões se iniciaram com a fala do presidente venezuelano Nicolás Maduro sobre uma possível anexação do território de Essequiba, na Guiana, acompanhada de um referendo divulgado no domingo (3), em que 95% dos votantes apoiaram tal medida. É uma pauta histórica da nação, que existe desde 1899.

No entanto, há anos que tais referendos na Venezuela são acusados de fraude e manipulação, acompanhados por medidas significativamente ditatoriais de Maduro, que havia prometido eleições ‘limpas’ apenas para o próximo ano. Atualmente, é possível que a pauta da anexação tenha sido divulgada como uma medida para apelar ao sentimento nacionalista para que o ditador possa vencer tais eleições, caso ocorram de fato.

 

Foto Destaque: Presidente Luiz Inácio Lula da Silva critica as ações da Venezuela (Reprodução/CNN)

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