Brasileiros que enfrentam a guerra na Ucrânia

Júlia Sales Por Júlia Sales
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Para uma reportagem, a RFI conversou com brasileiros que estavam na Ucrânia quando a guerra teve início, em 2022, e entraram em contato com eles novamente agora em 2023. A reportagem mostra também, brasileiro que mesmo sem experiencias nas forças armadas, decidiram que precisavam ajudar os ucranianos durante a guerra.

No ocidente existe a crença de que a guerra teve inicio em fevereiro de 2022, quando Vladimir Putin, presidente da Rússia, ordenou invasão na Ucrânia após meses de ameaças. Isso ocorreu meses depois de Putin ter feito uma declaração, em São Petersburgo, dizendo que Rússia e Ucrânia eram nações irmãs. “Juntos, nós sempre tivemos e teremos muito mais força e sucesso. Porque nós somos um mesmo povo”, declarou o presidente russo.

Porém, de acordo com os ucranianos, a guerra teve início em 2014, quando a Rússia invadiu e anexou a península da Criméia a seu território. Também em 2014, a poeta Anastasia Dmytruk disse, “Nós jamais seremos irmãos; nem de mesma pátria, nem de mesma mãe”.

O engenheiro eletricista, David Abu-Gharbil, que é natural de Minas Gerais, estava em Kiev para estudar medicina quando a guerra iniciou.

“Conversando com o pessoal lá, ninguém tinha medo de guerra. Então a gente estava tranquilo. Inclusive, quando a guerra começou, eu trabalhei até 1h da manhã; na madrugada do dia 23 para o dia 24 de fevereiro. Cheguei em casa à 1h30 e acordei às 4h30 com um barulho de bomba, sem saber o que tinha acontecido. Foi mais ou menos assim. A guerra começou ‘do nada’. Estava todo mundo trabalhando e vivendo a sua vida normalmente; ninguém falava em guerra. E daí simplesmente a guerra começou, isso que foi muito pesado”, relatou o mineiro.

“Para os ucranianos com quem eu conversava, não ia haver guerra, era só uma ameaça mesmo. Se eles estavam tranquilos, por que eu não estaria?”, o engenheiro esteve no Brasil, mas agora encontra-se morando na República Tcheca.

Com a frase “Tomei a decisão de realizar uma operação militar especial”, o presidente russo iniciou a guerra no dia 24 de fevereiro de 2022, tornando este o pior conflito do continente desde a Segunda Guerra Mundial.


David Abu-Gharbil, brasileiro que residia em Kiev antes até o início da geurra. (Foto: Reprodução/ G1).


No Espírito Santo, o vendedor Ezequiel Silva decidiu que iria auxiliar a Ucrânia assim que soube da guerra. “Em 24 de fevereiro de 2022, eu estava na minha casa, deitado, curtindo a minha vida. Então eu abri o Facebook e vi um vídeo mostrando que a Rússia estava invadindo a Ucrânia. A partir daquele momento, eu já comecei a me planejar para vir pra cá.”, declarou.

“Eu decidi lutar pela Ucrânia porque, na minha concepção como ser humano, todos nós temos o direito de viver em paz e trabalhar na terra que foi dada por Deus. Eu não concordo com esta invasão e por isso resolvi lutar pela Ucrânia”, conta o ex vendedor que hoje pertence ao exército ucraniano.

O jovem tinha na época, 21 anos e foi para a Europa sem convocação do exército e sem contatos. Na Polônia, Ezequiel encontrou, por grupo de WhatsApp, mais dois brasileiros que estavam indo para a guerra e seguiram juntos para a Ucrânia.

“Foi muito complicado entrar na Ucrânia, porque a gente não tinha nenhum papel de convocação das Forças Armadas ucranianas, nada. Na fronteira entre a Polônia e a Ucrânia, os militares nos pararam, pegaram os nossos passaportes, fizeram um monte de perguntas, por pelo menos uma hora. A gente falou que estava indo se apresentar na legião internacional. Eles pediram um documento de comprovação e a gente falou que não tinha. Para a nossa sorte, eles nos deixaram passar” relaou.


Ezequiel Silva, brasileiro no exército ucraniano. (Foto: Reprodução/ G1)


Em março de 2022, a Embaixada Brasileira em Kiev conseguiu um transporte para a retirada de brasileiros que não desejavam permanecer no país depois de terem ficado presos lá por falta de condução.

Os brasileiros que decidiram não voltar para o país de origem, enviaram pedidos para países europeus para que fossem recebidos.

Foto destaque: Bandeira ucraniana em local deshabitado pela geurra. Foto: Reprodução/ SIC Notícias. 

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