No último domingo, um incidente inusitado ocorreu durante a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) na cidade de Recife, em Pernambuco. Um candidato, Marcos Antonio Gomes da Silva, de 50 anos, viu sua participação no exame interrompida quando policiais o retiraram da sala de aula e apresentaram um mandado de prisão.
No entanto, a confusão logo veio à tona. Os próprios agentes da polícia perceberam que se tratava de um erro lamentável. O nome completo e a data de nascimento do candidato eram idênticos aos do indivíduo procurado, mas uma diferença fundamental era a filiação, que não coincidia. Além disso, o verdadeiro suspeito que estava sendo procurado pelas autoridades policiais tinha nascido na Paraíba e não em Pernambuco.
Engano
Marcos Antônio, por um momento, viu-se levado até uma delegacia, mas, felizmente, foi liberado assim que a confusão foi esclarecida pelas autoridades. No entanto, o episódio deixou marcas emocionais em Marcos, que decidiu registrar uma queixa por danos morais. Ele alegou que não tinha mais condições psicológicas e emocionais para continuar o exame do Enem e que agora está indeciso sobre solicitar a reaplicação da prova em dezembro.
Marcos, em sua declaração pública, expressou sua profunda desestabilização emocional diante da situação constrangedora que vivenciou durante o exame, enfatizando a importância de uma reparação justa por parte do sistema de justiça. “Estou desestabilizado, foi uma situação constrangedora. Várias pessoas presenciaram a situação, e, até que se prove o contrário, as pessoas têm um olhar negativo. Espero que a Justiça tome as medidas cabíveis e que haja uma reparação“, afirma.
Fechamento dos portões do primeiro dia do ENEM 2023. (Foto: reprodução/Ronaldo Silva/Ato Press/Estadão conteúdo)
Danos morais
O advogado de Marcos, Allan Negreiros, informou que pretende buscar informações junto à Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS) para poder pleitear uma indenização por danos morais adequada. A Polícia Federal (PF) e a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE) afirmaram que o Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) de Marcos possui um alerta no sistema de procurados e impedidos da PF, emitido pela Justiça da Paraíba, o que levou às diligências realizadas. No entanto, o advogado de Marcos, alega que após verificar o banco de dados nacional, não encontrou nenhum mandado de prisão para seu cliente. Ele sugeriu que o incidente poderia ser resultado de um erro policial, considerando que o nome de Marcos é bastante comum. Negreiros também argumentou que a operação careceu de cuidado e sensatez, já que os policiais não aguardaram o candidato concluir sua avaliação antes de agir.
Foto destaque: Marcos Antonio Gomes da Silva, em sua entrevista para a TV Globo. (Reprodução/TV Globo)