Nesta terça-feira (24), a Justiça americana autorizou pedido de colaboração internacional feito pela Polícia Federal no caso das investigações por esquema ilegal de venda de joias doadas ao acervo presidencial durante o governo Bolsonaro.
Segundo apurações de César Tralli, jornalista do Grupo Globo, a documentação preparada pela PF e remetida aos Estados Unidos através do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) foi totalmente validada.
Nos próximos dias, uma equipe da Polícia Federal deve ser enviada aos EUA para acompanhar o processo de apuração em solo americano.
Está concedido, portanto, autorização para a polícia federal americana, o FBI, colaborar com as investigações brasileiras nas acusações de diversos crimes, como: lavagem de dinheiro, ocultação de valores, falso testemunho e apropriação indevida. Segundo inquérito, estes crimes teriam sido cometidos por assessores próximos ao ex-presidente da República, Jair Bolsonaro.
Segundo apuração, o FBI pode abrir investigação contra os envolvidos, que também correm risco de responderem processo em território americano.
Conjunto de joias feminas incorporadas pelo acervo pessoal de Jair Bolsonaro. (Foto: Reprodução/Fantástico)
Relembre o caso
Em dezembro de 2022, Andreia Sadi, jornalista da Globo News, apurou escândalo que revelava tentativa de retirada de bens, anteriormente apreendidos pela Receita Federal, pela Presidência da República. Um estojo de joias e uma escultura de cavalo de ouro foram confiscados pela receita no aeroporto de Guarulhos após viagem de Bolsonaro e sua comitiva à Arábia Saudita em outubro de 2021.
Em março de 2023, foi revelado que uma série de itens presenteados por delegações de outros países não foram incorporados ao acervo do Estado brasileiro durante o governo Bolsonaro. Ao todo, três kits foram identificados: um conjunto da marca Chopard, contendo um colar de ouro branco com dezenas de pingentes, um par de brincos, um anel e um relógio de pulso, estimado no valor de R$16 milhões. Um segundo conjunto, também com relógio, joias e abotoaduras em ouro, e um terceiro pacote, de aproximadamente R$500 mil, contendo um relógio Rolex, uma caneta da marca Chopard prateada, um par de abotoaduras em ouro branco, um anel em ouro branco e um rosário árabe, feito de ouro branco e com pingentes cravejados em brilhantes.
Na mesma época, o Tribunal de Contas da União (TCU) ordenou que todos os itens fossem devolvidos imediatamente ao acervo do Estado Brasileiro. A defesa do ex-presidente entregou todas as joias à Caixa Econômica Federal.
Itens foram vendidos e recomprados nos Eua
Segundo investigações da PF, um dos três kits incorporados no acervo pessoal do ex-presidente já teria sido vendido em joalheria nos Estados Unidos por Mauro César Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
No entanto, após imposição do TCU para devolução de todos os itens, Frederick Wassef, advogado da família do ex-presidente, teria viajado aos Eua para recompra do kit.
Foto destaque: Jair Bolsonaro em encontro bilateral com o príncipe da Arábia Saudita, Mohammed Bin Salman. (Reprodução/Alan Santos)