Pelo menos 60 figuras destacadas do meio cultural francês uniram-se para expressar apoio a Gérard Depardieu, ator recentemente acusado de estupro, em meio a uma controvérsia desencadeada pela transmissão de um documentário na France 2. A carta de apoio ao ator francês foi divulgada em uma publicação online do “Figaro” na noite de segunda-feira.
Comunicado dos signatários
No comunicado, os signatários enfatizam a possibilidade de Gérard Depardieu ser um dos maiores atores e um ícone do cinema. Expressam preocupação com o que consideram um “linchamento” público contra o artista, destacando a importância de respeitar a presunção de inocência. Entre os apoiadores de Depardieu, encontra-se o diretor Bertrand Blier, as atrizes Nathalie Baye, Carole Bouquet e Charlotte Rampling, os atores Jacques Weber, Pierre Richard e Gérard Darmon, assim como os cantores Roberto Alagna, Carla Bruni, Arielle Dombasle e Jacques Dutronc.
Os apoiadores argumentam que, ao criticar Depardieu, ataca-se não apenas o indivíduo, mas a própria arte, reconhecendo a contribuição do ator para a influência artística da França por meio de seu talento como intérprete. Ressaltam que a avaliação da obra de Depardieu deve ser separada das alegações criminais, as quais devem ser tratadas exclusivamente pela justiça.
Gérard Depardieu, acusado em outro caso de estupro em 2015 (Foto: reprodução/Anne-Christine Poujoulat/AFP)
Escândalo do documentário
Em declarações anteriores, o presidente francês Emmanuel Macron e membros da família do ator, incluindo sua filha Julie, já haviam defendido publicamente Gérard Depardieu, que nega veementemente as acusações de estupro. O documentário que desencadeou o escândalo, veiculado no programa “Complément d’investigation” da France 2, gerou repercussões internacionais ao expor comentários misóginos e insultuosos de Gérard Depardieu em relação às mulheres. O grupo France Télévisions assegurou que a sequência foi “autenticada” por um oficial de justiça, rebatendo a sugestão de que teria sido alterada durante a edição.
Desde a eclosão do escândalo, Gérard Depardieu foi destituído de títulos honoríficos e condecorações em Québec e na Bélgica, e sua estátua de cera foi removida do circuito turístico do museu Grévin em Paris.
Foto destaque: Gérard Depardieu marcando a sua presença no Festival Internacional de Cinema em Bruxelas (Reprodução/AFP)