Chefe do grupo de mercenários defende vídeo de assassinato de desertor

Juliana Gomes Por Juliana Gomes
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Yevgeny Prigozhin, chefe do grupo militar privado russo Wagner defendeu um vídeo que mostra supostamente a morte brutal de um de seus mercenários enviados para a Guerra na Ucrânia, que tinha desertado e mudado de lado em setembro. A filmagem foi postada em um canal, no Telegram, de afiliados ao grupo, o Gray Zone. “Uma morte de cão para um cachorro”, o chefe diz.

A gravação mostra a suposta execução sumária de Yevgeny Nuzhin, que foi condenado por assassinato na Rússia e recrutado, em agosto, na prisão para a Guerra. Esse grupo, formado por ex-prisioneiros, tinha sido enviado para Luhansk, região ocupada no leste da Ucrânia, onde foram distribuídos em esquadrões de combate.

Atenção: o texto contém descrições de cenas consideradas fortes.

Nunzhin foi capturado, em setembro, pelos ucranianos e, em entrevista a um jornalista da Ucrânia, deu detalhes da própria rendição, que contou que tinha a intenção de se entregar assim que chegasse ao palco dos combates. O mercenário disse que, com a promessa de perdão total de sua pena, um salário e uma compensação para a sua família em caso de morte na guerra, foi contratado com a justificativa da pátria estar “em perigo”. Também falou que os esquadrões eram bucha de canhão” e qualquer ato de desobediência significaria execução sumária. Durante operações de retirada dos cadáveres de soldados mortos que Nuzhin escapou e se rendeu.

No vídeo, o Yevgeny Nuzhin é filmado deitado com cabeça colada com uma fita a um tijolo com uma tábua em cima. Ele conta que foi atacado em Kiev, na Ucrânia, no dia 11 de novembro, data em que estava ainda preso na Rússia, e que teve a consciência perdida e acordou no porão onde a gravação ocorreu. Um homem, que não foi identificado, aparece e o ataca com uma marreta, Nuzhin, que cai no chão e é espancado até a morte. 


Yevgeny Nuzhin em vídeo do grupo Wagner (Foto: Reprodução/Redes Sociais)


O chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, aliado do presidente russo Vladimir Putin, explicou, em um comunicado, que Nuzhin traiu o próprio povo e companheiros. O vídeo é descrito pelo chefe como um “excelente trabalho bem dirigido que pode ser assistido de uma só vez”. Ele também comenta que acha que o filme se chama “Uma morte de cão para um cachorro”. 

O porta porta-voz Dmitry Peskov disse que o assunto “não é da nossa conta” e Kremlin tentou se distanciar da filmagem.

Prigozhin é ex-dono de restaurante e montou o grupo Wagner como uma empresa de recrutamento de mercenários, em 2014, mas só a reconheceu publicamente em setembro passado. No mesmo ano, o grupo apareceu no início do conflito entre forças ucranianas e grupos pró-Rússia russos no Donbas, na Ucrânia. A partir disso, Wagner esteve envolvido em conflitos na Síria e em alguns países africanos. Vários membros foram acusados de crimes de guerra desde a invasão da Ucrânia em fevereiro. Também em setembro, o chefe foi visto recrutando prisioneiros de uma prisão russa para o grupo.

 

Foto de destaque: Yevgeny Prigozhin, chefe do grupo Wagner, (Foto: Reprodução/The New York Times)

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