Cientistas europeus descongelam 13 vírus de até 48 mil anos

Lorena Correia Por Lorena Correia
3 min de leitura

Cientistas da Universidade de Marseille, na França, descongelaram e reviveram 13 vírus achados no permafrost, parte do solo que fica permanentemente congelado na Sibéria. Ainda que o experimento pareça arriscado, o objetivo dos pesquisadores é entender de que forma o degelo da região pode gerar uma disseminação de novos patógenos capazes de provocar emergências de saúde, como uma pandemia.

O estudo foi publicado na plataforma de pré-prints BioRxiv, mas ainda não passou pela revisão por pares. Na pesquisa, os cientistas europeus afirmam que este é um trabalho importante “devido ao aquecimento climático, o degelo irreversível do permafrost está liberando matéria orgânica congelada por até um milhão de anos“.


 

Pesquisa sobre os 13 vírus descobertos no solo da Sibéria que foram descongelados para estudos. (Foto: Reprodução/In Magazine)


O risco tende a aumentar no contexto do aquecimento global, quando o degelo do permafrost continuará acelerando e mais pessoas estarão povoando o Ártico na sequência de empreendimentos industriais“, informa o artigo.

Ainda conforme os estudiosos, a matéria orgânica encontrada no permafrost pode ser de “vírus que permaneceram adormecidos desde os tempos pré-históricos“. Eles também apontaram que os 13 vírus pertencem a cinco classes diferentes e foram coletados em sete lugares. Alguns desses vírus, por exemplo, vieram de fezes de mamutes e estômago de lobos siberianos.

Após a coleta, os patógenos foram submetidos a uma cultura de amebas e todo o trabalho foi realizado dentro de um laboratório. Ainda que os vírus estejam congelados a 48.500 anos, eles ainda são capazes de se replicar, o que os tornam capazes de serem infecciosos.

Acreditamos que nossos resultados com vírus que infectam Acanthamoeba [ameba] podem ser extrapolados para muitos outros vírus de DNA, capazes de infectar humanos ou animais. Portanto, é provável que o permafrost antigo (eventualmente com muito mais de 50 mil anos) libere esses vírus desconhecidos após o descongelamento“, escreveram os pesquisadores.

Apesar do descongelamento dos vírus para a execução do trabalho, os pesquisadores garantiram que não há riscos de os vírus escaparem do laboratório e infectar humanos ou animais.

 

Foto Destaque: Vírus descobertos no solo da Sibéria. Reprodução/UOL

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