Cientistas revivem vírus “zumbi” que passou 48.500 anos congelado no permafrost

Isabela Bertin Por Isabela Bertin
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Jean-Michel Claverie, professor emérito de Medicina na Universidade Aix-Marseille, localizada na França, andou estudando o chamado de “Vírus Zumbi”, um vírus que permaneceu inativo por dezenas de milhares de anos, e que podem colocar em risco a saúde animal e humana. 
Temperaturas mais altas no Ártico estão descongelando o permafrost da região (uma camada congelada de solo abaixo do chão) e potencialmente ativando vírus.
O permafrost cobre um quinto do hemisfério norte, tendo sustentado a tundra ártica e as florestas boreais do Alasca, Canadá e Rússia por milênios.


 

Jean-Michel Claverie. (IGS/CNRS-AM)


Ele serve como uma cápsula do tempo, que preserva além de vírus antigos, os restos mumificados de diversos animais extintos que os cientistas conseguiram desenterrar e estudar nos últimos anos.
“Há muita coisa acontecendo com o permafrost que é preocupante e realmente mostra porque é super importante mantermos o máximo possível do permafrost congelado”, disse Kimberley Miner, cientista do clima no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, no Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena.
O permafrost é um ótimo meio de armazenamento, já que além de frio, é também um ambiente livre de oxigênio que a luz não entra. Mas as temperaturas atuais do Ártico estão aumentando, assim enfraquecendo a camada superior do permafrost, o que faz com que haja a possibilidade desses organismos voltarem à vida.
Por precaução, Claverie e sua equipe estudam apenas vírus zumbis que podem infectar amebas, mas a pesquisa indica que os riscos, embora baixos, são subestimados.


Núcleos de amostras de permafrost são retratados em um contêiner. (Jean-Michel Claverie/IGS/CNRS-AM)


Os cientistas não sabem quanto tempo esses vírus podem permanecer infecciosos, uma vez expostos às condições atuais, ou qual a probabilidade de o vírus encontrar um hospedeiro adequado. 
Embora seja habitado por 3,6 milhões de pessoas, o Ártico ainda assim é um lugar pouco povoado, tornando baixo o risco de exposição humana à virus antigos.
Ainda assim, o risco tende a aumentar no contexto do aquecimento global, no qual o degelo do permafrost continuará acelerando e consequentemente mais pessoas povoarão o Ártico na sequência de empreendimentos industriais.

 

Foto destaque: Pithovirus sibericum.(Foto: Julia Bartoli / Chantal Abergel / IGS / CNRS / AMU)

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