Na cidade de Buriticupu, uma casa foi “engolida” por uma voçoroca. Moradores que estão situados ao redor do enorme buraco, temem por suas residências e suas vidas. O caso ocorreu após deslizamento de terra, nesta terça-feira (9), em uma rua do bairro Vila Isaías. De acordo com o Corpo de Bombeiros, não houve vítimas, uma vez que não havia pessoas no interior da residência “engolida” pela voçoroca. Porém, o caso tem preocupado os moradores da região, de a qualquer momento, perderem suas casas e consequentemente suas vidas numa tragédia de maior proporção. 27 famílias foram retiradas de suas moradias e outras 200 correm risco de perderem suas casas por ocasião das voçorocas. Alguns pesquisadores dizem, que historicamente, mais de 50 residências já foram engolidas pelas crateras nas últimas décadas e cinco pessoas perderam a vida ao caírem nas crateras.
Casa é engolida por voçoroca em Buriticupu, MA.(Foto reprodução: Corpo de Bombeiros)
Entenda mais sobre o fenômeno da “voçoroca”
Voçorocas são um nome científico do fenômeno erosivo que atinge o lençol freático e a cidade de Buriticupu tem uma das maiores concentrações do fenômeno no país. São 26 crateras que avançam por Buriticupu há pelo menos 30 anos. As voçorocas são enormes abismos que podem chegar até 70 metros de altura e 500 metros de comprimento. Chamam atenção devido à profundidade e o risco que provoca aos moradores da região. Na cidade de Buriticupu, as voçorocas se formaram a partir da expansão urbana e como consequência do desmatamento da vegetação nativa em áreas de alta declividade, explica o professor Fernando Bezerra, do Programa de Pós-graduação em Geografia, Natureza e Dinâmica do Espaço, da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) ao G1 Maranhão. As voçorocas são pequenos fenômenos geológicos que surgem como fendas no solo, provocadas pela água da chuva. Com o tempo, se nada for feito a fim de conter, uma cratera pode chegar ao grau de voçoroca, quando atinge um lençol freático.
Ao G1, o professor Fernando Bezerra disse ainda que para a prevenção dessas crateras, é preciso investir na proteção do solo com a cobertura da manutenção vegetal da área próxima, em locais com alta declividade e próximo às nascentes de rios. “A população que vive em torno das cabeceiras das voçorocas precisa ser retirada, para evitar novas tragédias. Além disso, também deve-se desviar os fluxos de águas que chegam às cabeceiras das voçorocas, investir no plantio de espécies arbóreas nas bordas e interior e no retaludamento das paredes das voçorocas com aplicação de técnicas de bioengenharia de solos“, explica o professor.
Fortes chuvas no Maranhão
O fenômeno das voçorocas se intensificou devido às fortes chuvas que atingiram o estado do Maranhão, especialmente no mês de março. Só em março, a erosão do terreno gerou abismos de até 70 metros de profundidade e 500 metros de comprimento em Buriticupu. Com a situação, os moradores tiveram de ser forçados a sair do local. Nos últimos dez anos, só uma voçoroca conseguiu engolir três ruas e mais de 50 casas na cidade. O Ministério de Integração e Desenvolvimento Regional reconheceu o estado de calamidade pública em Buriticupu devido às erosões.
Foto Destaque: Vista aérea da voçoroca em Buriticupu,MA. Reprodução/TVMirante MA.