Embalagens menores e preços altos, entenda a Reduflação

Sara Corrêa Por Sara Corrêa
5 min de leitura

Por conta da alta inflação que atinge o Brasil, a estratégia das indústrias de diminuir as embalagens para manter os preços, chamada de “reduflação”, não está funcionando mais como um freio nos reajustes. 

Em comparação do primeiro semestre de 2021 com os seis primeiros meses deste ano, mostram que pelo menos sete categorias de produtos, mesmo com pacotes menores, ficaram mais caras.

Segundo o levantamento feito pela consultoria Horus a pedido do GLOBO, as embalagens de filezinho de peito de frango tipo sassami, tiveram redução média de 14, 9 gramas, enquanto o quilo aumentou R$ 4,14.

Alessandro de Luca, analista de inteligência da Horus, diz que “o filezinho de frango é um bom exemplo do que acontece quando a reduflação não tem efeito: a embalagem diminuiu, mas o preço não se manteve. Foi a categoria que menos diminuiu a gramatura média, é verdade, mas foi a que mais aumentou o preço. Diante do cenário econômico, o que vemos é que as embalagens de 700g ganharam relevância, por se encaixarem mais no bolso do consumidor”


Reduflação dos alimentos. Foto: (Reprodução/ iG)


Os pacotes de sabão em pó ficaram 50,9 gramas menores. Mas, como o quilo do produto subiu 19,9% (ou R$ 1,06), na prática é como se o consumidor levasse para casa 214,5 gramas a menos.

Dentro dos 51 itens da cesta básica ampliada vários produtos de diferentes marcas foram estudados. Vinte deles diminuíram de tamanho. Sabão em pó, barra de chocolate, biscoito wafer, achocolatado em pó, leite em pó, coxa e sobrecoxa de frango e filezinho de peito de frango tipo sassami tiveram a quantidade reduzida, seguido de aumento de preço.

Por meio dessa pesquisa, foi identificado uma tendência de padronização no volume de alguns itens. As embalagens de 100 gramas de barras de chocolate caíram para 90 gramas, e nas de 90 gramas, passaram a ter 85 gramas. 

Já os achocolatados em pó de 800 gramas reduziram para 750 gramas ou para 730 gramas e os de 400 gramas para 370 gramas. O leite em pó de 800 gramas teve diminuição para 750 gramas e o de 400 gramas para 380 gramas.

O biscoito tipo wafer é um outro exemplo, antes ele pesava 120 gramas, hoje é encontrado com 80 gramas. Cada unidade, em média, custva R$ 1,56, porém, em 2022, subiu para R$ 1,87. Pode parecer pequena a variação de preços, mas por quilo, ele ficou R$2,58 mais caro.

“Neste caso, temos uma redução média das embalagens de cerca de 6 a 8 gramas. Enquanto isso, em tendência contrária, o preço aumentou mais de 15%, no caso do quilo, e pouco mais de 20%, no preço médio da unidade”, analisa de Luca.


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Os brasileiros já acostumaram-se a comprar produtos com embalagens reduzidas, como por exemplo, as caixas de ovos, antes com 12 unidades, agora com apenas 10. 

“Está ocorrendo uma mudança no comportamento de compra. As pessoas estão preferindo embalagens menores mesmo, como uma forma de consumir menos, principalmente os alimentos. Isso é uma tendência que ainda vai crescer em alguns grupos de produtos. Eu acredito que boa parte das embalagens vai reduzir de tamanho, e só não diminuíram ainda por uma questão de cadeia produtiva”, afirma Ulysses Reis, coordenador do Núcleo de Varejo e Supermercados da FGV-Rio.

A redução das embalagens é um fenômeno mundial, causado pela alta inflação. “No mundo todo a inflação está acontecendo, com uma média entre 9% e 11% de taxa anual, e sem previsão de baixa. Com isso, mesmo que você diminua a embalagem, vai ter que aumentar o preço. Isso é uma tendência global”, diz o coordenador  da FGV-Rio.

 

Foto destaque. Corredor de supermercado. Foto: Reprodução/Diário do Nordeste.

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