Empresa farmacêutica é processada por atrasar remédio contra HIV

Welyson Lima Por Welyson Lima
4 min de leitura

A empresa Gilead Sciences, considerada uma das maiores farmacêuticas do mundo, está sendo processada por aproximadamente 26 mil pessoas nos Estados Unidos. A acusação que pesa sobre a farmacêutica é a de que ela atrasou propositalmente o lançamento de um remédio promissor, que viria a ajudar no combate ao HIV. O atraso feito pela empresa visava obter lucros. Quem informa o caso é a The New York Times, imprensa americana.


Simbolo de tratamento à AIDS. (Reprodução/Pixabay)


Entenda o caso

No ano de 2004, a empresa teria interrompido a produção do novo remédio de combate ao HIV, alegando que o medicamento não era diferente de um produto já existente no mercado, cuja patente pertencia à própria empresa e, assim, demoraria a expirar. Porém, havia um plano por parte da Gilead para melhorar e maximizar os lucros. De acordo com a denúncia, a empresa quis manipular o sistema de patente dos Estados Unidos para proteger monopólios lucrativos em medicamentos considerados mais vendidos. No mesmo ano, a farmacêutica era responsável por dois dos principais tratamentos do HIV, os quais eram baseados em uma versão do tenofovir.

Os executivos sabiam que o novo medicamento era menos tóxico aos rins e aos ossos dos pacientes, comparado ao que já circulava no mercado, no entanto Gilead teve receio de que o novo medicamento competisse com o tenofovir, atrasando, assim, o lançamento do produto por anos. A empresa tinha a intenção de atrasar até pouco antes do vencimento das patantes dos medicamentos já disponíveis no mercado. Dessa forma, Gilead poderia transferir os pacientes ao novo produto antes que fármacos genéricos fossem lançados no mercado. Porém, somente em 2015, o novo tratamento foi divulgado, ou seja, aproximadamente uma década depois da produção ter sido paralisada. As patentes do produto terão validade até 2031.

Polêmica: briga na Justiça e riscos a pacientes

De forma supostamente intencional, o atraso do lançamento do novo tratamento levou aproximadamente 26 mil pacientes a acionar a Justiça contra a Gilead. Segundo essas pessoas, a alegação é de que elas foram expostas, de maneira desnecessária, pela farmacêutica, a problemas relacionados aos rins e aos ossos. No entanto, de acordo com o advogado da companhia, as acusações dos pacientes não têm fundamento.

A defesa refuta a ideia de que a Gilead tenha parado propositalmente a produção do fármaco a fim de obter mais lucros com as patentes. Apresentaram um memorando interno do ano de 2004, que estimava que a empresa farmacêutica poderia aumentar sua receita em US$ 1 bilhão no transcorrer de seis anos, caso lançasse a nova versão em 2008. Sendo assim, caso a Gilead tivesse continuado o desenvolvimento do medicamento em 2004, as patentes do novo medicamento considerado promissor no tratamento de combate ao HIV, teriam expirado ou estariam próximas de expirar. Gilead tem mais alguns anos de exclusividade sobre o produto com o atraso, o que impede que medicamentos genéricos sejam colocados à venda.

Foto Destaque: Teste positivo de HIV. Reprodução/Pixabay

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