O empresário Thiago Brennand, preso no Brasil desde o dia 29 de abril deste ano, terá o seu primeiro julgamento realizado nesta terça-feira (30). Ele responde a oito processos de crimes, sendo eles: crime de estupro, lesão corporal, ameaça, corrupção de menores, cárcere privado, sequestro, calúnia, difamação e injúria. O julgamento, que ocorrerá hoje, a partir das 14 horas, na 2ª Vara de Porto Feliz, será sobre o caso de estupro contra uma norte-americana.
De acordo com o Tribunal de Justiça, na audiência de instrução, a primeira pessoa a ser ouvida será a vítima. Depois dela, mais oito testemunhas irão prestar depoimento. E, por fim, Thiago Brennand será interrogado via videoconferência, já que está preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros.
Logo após o fim do interrogatório, a defesa e a acusação terão 15 minutos cada para fazerem as alegações finais. Em seguida, o juiz dará a sentença.
Caso as partes solicitarem e o juiz aceitar, as alegações poderão ser escritas e, com isso, a sentença será proferida alguns dias depois. O crime de estupro tem pena de 6 a 10 anos de reclusão.
Relembre o caso
A vítima norte-americana, que não teve a identidade revelada, mora atualmente no Brasil e conheceu o empresário quando pretendia adquirir um cavalo, de acordo com o Ministério Público.
Aos promotores do Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência (NAVV), a vítima relatou ter iniciado um relacionamento com Thiago Brennand, encontrando-se eventualmente com ele durante dois meses.
Segundo a Promotoria de Porto Feliz, “inicialmente, o homem mostrou comportamento gentil, mas depois passou a agir de maneira agressiva, até chegar ao ponto de obrigar a vítima a manter relações sexuais com ele. Além disso, o empresário disse ter gravado cenas íntimas da mulher, passando a ameaçá-la com a divulgação das imagens caso ela rompesse o relacionamento”.
A denúncia de estupro foi assinada por Evelyn Moura Virginio Martins e Josmar Tassignon, membros do Ministério Público, e foi aceita no dia 4 de novembro de 2022 pelo Judiciário, que decretou a prisão preventiva do empresário.
A defesa da vítima informou que não comentará sobre o caso, já que processo está em segredo de justiça.
Fórum da Comarca de Porto Feliz. Foto: Reprodução/G1
Outras acusações
Além do caso de estupro contra a mulher norte-americana, Thiago Brennand foi denunciado por outros crimes que cometeu, como:
– Crime de lesão corporal e corrupção de menores, por agredir a atriz Helena Gomes dentro de uma academia, em São Paulo, e incentivado o próprio filho a ofendê-la;
– Outros crimes de estupro denunciados por mulheres que procuraram o MP de São Paulo, após a reportagem sobre a agressão à atriz ir ao ar no Fantástico;
– Cárcere privado, após uma das mulheres dizer que foi mantida presa, sofrer agressões, ter um vídeo íntimo divulgado e ser forçada a tatuar as iniciais do empresário;
– Dopar uma estudante de medicina durante um jantar;
– Dar choques e bater no próprio filho, segundo ex-funcionário do empresário;
– Agredir um garçom que trabalha em um hotel no condomínio de luxo que Thiago tem casa;
– Ameaçar um caseiro de uma propriedade no mesmo condomínio.
Prisão nos Emirados Árabes
Thiago Brennand foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo em 4 setembro de 2022 e, no mesmo dia, deixou o Brasil e foi para Abu Dhabi, nos Emirados Árabes.
A justiça deu um prazo de dez dias, na época, para que o empresário voltasse ao Brasil, mas não aconteceu. Com isso, a prisão preventiva de Brennand foi decretada e seu nome foi incluído na lista internacional dos procurados da Interpol.
Em outubro de 2022, Thiago foi preso em um hotel de luxo em Abu Dhabi, sendo solto após pagar a fiança. A partir de então, o empresário foi proibido de sair do país e aguardava, em liberdade, uma decisão sobre o processo de extradição feito pelo governo do Brasil.
No dia 15 de abril deste ano, o pedido de extradição foi autorizado e a prisão de Thiago Brennand foi confirmada dois dias depois. No dia 29, a embaixada do Brasil em Abu Dhabi recebeu a autorização de extradição do brasileiro.
Brennand voltou ao Brasil de avião e foi acompanhado por dois agentes da Polícia Federal, um delegado e um escrivão da Interpol treinado em jiu-jítsu, já que o histórico de violência do empresário era longo.
Os advogados de Thiago Brennand tentam pedir a transferência do criminoso para o Centro de Detenção de Tremembé, no Vale do Paraíba (SP).
Foto destaque: Thiago Brennand. Reprodução/Tribuna Online