A dívida das Americanas é muito maior do que a própria geração de caixa pode alcançar, ficando difícil para ela não tenha que renegociar os pagamentos com os seus credores, segundo o especialista em investimento, Michael Viriato em entrevista à CNN.
Há a estimativa de que a dívida da varejista seja de cerca de 40 bilhões, segundo documento divulgado na sexta-feira (13).
Especialista em investimento, Michael Viriato. (Reprodução/CNN)
“Embora ela ainda não tenha dado calote, é quase certo que não vai ter condições de pagar, ou seja, vai ter que reestrutura essa dívida e organizar o pagamento”, explicou, Viriato.
A empresa está apresentando essa dificuldade desde que detectou e divulgou, na semana passada, um rombo de 20 bilhões de reais não computado nos próprios balanços. Viriato explica que foram levantados, a princípio, R$ 40 bilhões de dívida, e que o Ebitda da empresa, no ano anterior, foi por volta de R$ 3 bilhões.
“Em uma conta simples, se essa dívida corre com juros de 10% ao ano, são R$ 4 bilhões [de juros ao ano]. Então o Ebitda, que é a geração de caixa da empresa, não dá conta de pagar nem a despesa financeira da dívida, quiçá o principal”, disse, o especialista.
A empresa estava certa, segundo Viriato, em pedir à Justica a liminar que impossibilitou os próprios credores de tomarem ou bloquearem seus bens até a companhia abrir um processo de recuperação judicial. Esse ato ajudará a tratar igualmente todos os fornecedores e bancos que ainda precisam receber alguma quantia da Americanas.
Em um eventual calote, é possível que os credores recebam algum valor. “Default não quer dizer que a empresa quebra e ninguém leva nada. Ela tem caixa, nome forte, várias empresas embaixo dela que têm valor. Dá para organizar e receber alguma coisa”, esclarece Viriato.
Na quarta-feira (11), a Americanas comunicou que inconsistências foram detectadas em lançamentos contábeis estimadas em R$20 bilhões. O diretor-presidente Sergio Rial e o diretor de Relações com Investidores André Covre, empossados no dia 2 de janeiro deste ano, renunciaram na quarta. O conselho de Administração da Americanas (AMER3) elegeu, para exercer interinamente os cargos de Diretor-Presidente e Diretor de Relações com Investidores, João Guerra Duarte Neto na quinta-feira (11).
Foto destaque: Loja da empresa Americanas. Reprodução/StartSe.