Esposa do atirador que matou tesoureiro do PT fala sobre a briga e nega motivação política

Jardes Johnson Pessoa Por Jardes Johnson Pessoa
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O bolsonarista, Jorge Guaranho matou o tesoureiro do PT e aniversariante Marcelo Arruda durante sua festa com o tema do Lula.

Nesta quarta-feira (13), a esposa de Jorge Guaranho, afirmou à RPC, afiliada à Rede Globo no Paraná, em uma entrevista ao repórter Marcos Landim, que o marido se sentiu agredido e ameaçado. De acordo com ela, o assassinato não teve motivação política.

“O que motivou ele a voltar lá foi essa agressão, que ele se sentiu agredido, né, que ele se sentiu ameaçado, a família ameaçada. Então, por ele ter voltado lá, não tem nada a ver com Lula, não tem nada a ver com o Bolsonaro. A minha família, meu padrasto, minha mãe, eles votaram no Lula, entendeu? Nós conhecemos várias pessoas de outras famílias, nós fazemos churrasco”.

Eles estavam com o filho recém-nascido no carro quando Guaranho foi até o local onde a festa era realizada, na Associação Recreativa Esportiva Segurança Física de Itaipu (Aresf.). Ela conta que o marido era sócio do clube e frequentemente jogava futebol.

“Era de praxe o pessoal que era associado fazer ronda, porque já houve alguns furtos no local”, relata.

De acordo com a esposa, Guaranho já foi diretor da associação, mas por ser apenas sócio atualmente, ele não tem acesso às câmeras de segurança e nem foi avisado por aplicativos de mensagens sobre o andamento da festa.

 Guaranho sempre ouvia uma música no carro que dizia “O mito chegou e o Brasil acordou” e segundo a esposa, ao ouvir o som, o aniversariante e os convidados teriam se incomodado e começado a gritar. Guaranho então fez o retorno com o carro e gritou: “Bolsonaro mito!”.

“Quando ele falou Bolsonaro Mito, a pessoa que estava lá dentro, que creio eu que era aniversariante, pegou terra e pedras e tacou no nosso carro”.


Tesoureiro do PT, Marcelo Arruda morto por bolsonarista durante sua festa de aniversário. (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal/JN)


De acordo com ela, os convidados teriam dito que havia policiais ali e que Guaranho deveria ir embora, foi quando o marido respondeu que também era policial.

“Nesse momento eu me senti ameaçada, porque, ambos policiais, e aquela discussão acalorada. Eu abri a porta e implorei pelo meu filho; ‘Por favor moço, tô com meu bebê aqui, tô com meu filho aqui!’ Aí meu esposo acelerou o carro e foi…”.

Porém, ela conta que o marido ficou transtornado com a situação e quando ela implorou a ele para que não voltasse à festa de aniversário ele teria respondido: “Vida. Ali é meu lugar, eles ameaçaram minha família. Eles tacaram pedras e terra na minha cara, poderia ter machucado nosso filho. Eu vou pelo menos voltar lá pra tirar a satisfação. Eles não podem fazer isso. Eu não fiz nada pra ninguém”.


Jorge Guaranho dispara contra Marcelo Arruda. (Foto: Reprodução/G1)


Então Guaranho retornou à associação e atirou contra o tesoureiro do PT. Marcelo Arruda era guarda municipal, também estava armado e atirou contra Guaranho, que está internado em estado grave.


Troca de tiros no local da festa do Tesoureiro do PT. (Foto: Reprodução/G1)


A esposa relata que durante a discussão, em determinado momento foi possível ouvir xingamentos.

“Eram xingamentos né? Em relação à política, em relação ao político, a Bolsonaro, a Lula, a não sei o que e tal. E o meu esposo falou ‘Bolsonaro Mito’, e daí que acalorou um pouco mais ainda a situação né? Porque, como ele passou com a música, o pessoal se ofendeu lá dentro e começou a xingar ele né?”.

Ela ainda afirma que apesar de apoiar o presidente Jair Bolsonaro, o marido não é fanático.


Perfil de Jorge Guaranho nas redes sociais. (Foto: Reprodução/Twitter)


“Ele é pró Bolsonaro sim, ele apoia, ele gosta de tá, assim, atento a todas as notícias políticas, Twitter, ele é ativo assim nessas questões, mas ele não é fanático, ele não é uma pessoa assim… entendeu? Ele era pró Bolsonaro, sim, mas não é porque você é do PT que ele vai fazer alguma coisa com você, entendeu? Ele era pró Bolsonaro e era só isso, ele era direita, direita, e era o pensamento da direita que ele tinha, e o que motivou não tem nada a ver com a política, entendeu?”.

Por fim, a esposa afirma que sente muito pelo ocorrido e que cabe à polícia investigar os fatos.

“É um pesadelo, assim, porque é muito difícil sabe? Eu já não tenho mais nem forças, eu não como, eu não tô dormindo direito, eu não cuido do meu filho, eu tô assim, sabe, arrasada também, e sei também que pra eles é pior ainda pela situação de falecimento do esposo, eu sinto muito por isso, por ter acontecido isso com eles né, mas é uma fatalidade que eu não pude evitar, né, que eu não pude evitar e não tive o que fazer”.

 

Foto de Destaque: Esposa do policial penal federal Jorge Guaranho durante a entrevista. (Reprodução/RPC Foz do Iguaçu)

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