Estudo aponta que população de baleias jubarte volta a crescer no Brasil

Luísa Giraldo Por Luísa Giraldo
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O Instituto Baleia Jubarte divulgou um estudo que estima a recuperação das baleias jubartes no litoral do Brasil, que carecia de exemplares da espécie há aproximadamente 200 anos. A pesquisa apontou ainda que cerca de 25 mil delas passaram pelo país no segundo semestre de 2022 – um número próximo dos 27 a 30 mil animais da espécie contabilizados dois séculos atrás.

Entre as vantagens da recuperação da população das baleias, estão o afastamento completo do risco de extinção da espécie, com o fim da caça, e a capacidade dela de contribuir para o combate às mudanças climáticas. Por outro lado, os pesquisadores acreditam que a razão por trás do crescimento é reflexo do fim da caça, proibida na década de 60, quando a população foi reduzida a menos de 5%, algo entre 600 e 800 indivíduos.

Já não era mais viável economicamente os navios saírem para caçar as jubartes, porque a chance de encontrar era muito pequena”, disse o médico veterinário Milton Marcondes, coordenador de pesquisa do Projeto Baleia Jubarte.

Apesar de ter sido vetada em 1966, a matança das baleias persistiu por quase uma década e deixou de acontecer apenas no final dos anos 1970. Assim, o fim da caça, aliada a medidas como a redução do emalhe acidental em equipamentos de pesca e do atropelamento por embarcações, criou condições para que o número das baleias desta espécie aumentasse.

De acordo com Marcondes, o crescimento da população de jubartes no país está perto da estabilidade. Apesar disso, o pesquisador alertou que o atual desafio é encontrar uma forma de convivência entre baleias e atividades humanas, como as do setor petrolífero, para que esses animais não sejam perturbados.


Flagrante da aparição de baleias jubarte em Abrolhos, na Bahia, entre agosto e outubro de 2022 (Reprodução/Projeto Baleia Jubarte)


A adequação do calendário de operações de busca de petróleo nocivas às baleias é um dos focos. “A gente fez uma recomendação que foi acatada pelo Conama de restringir na Bahia, no Espírito Santo e em Sergipe de julho a novembro, quando as jubartes estão lá, até 500 metros de profundidade”, contou ele.

As baleias jubarte passam pelo Brasil entre os períodos de inverno a primavera para acasalarem. Elas chegam, nesse cenário, em junho e permanecem até outubro e novembro, quando tomam caminho de volta para o sul do planeta, nas águas subantárticas.

Elas são contadas a cada três anos, no período em que estão no país, pelo instituto por meio de avistamento aéreo. Para isso, profissionais sobrevoam a área da divisa do Rio Grande do Norte com o Ceará até o litoral norte de São Paulo, avançando mar adentro até onde a profundidade bate nos 500 metros. Eles estimam o total, incluindo as submersas, por meio de cálculos sofisticados, e usam as baleias que conseguem ver como base.

Segundo Enrico Marcovaldi, que é um dos fundadores do Instituto Baleia Jubarte, as primeiras estimativas foram do fim da década de 1980. Naquela época, foram calculadas, sem as mesmas condições de pesquisas atuais, cerca de 500 baleias na região.

Via avistamento aéreo, em 2003, foram estimados 3.660 indivíduos. Em seguida, no ano de 2019, o número de baleias subiu para 16 mil. Finalmente, em 2014, com base nos resultados desse monitoramento que as jubartes saíram da lista de espécies em extinção.

Foto destaque: Baleia jubarte no mar (Reprodução/Revista Pesquisa Fapesp)

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