O governo do Peru anunciou nesta quarta-feira (10), a declaração de estado de emergência na fronteira com o Equador em resposta à escalada da violência que assola o país vizinho desde a última segunda-feira (8). A medida tem como objetivo mobilizar as forças militares para apoiar a polícia diante dos recentes eventos, que incluíram a invasão armada a um canal de televisão e a fuga de líderes criminosos vinculados ao narcotráfico.
O primeiro-ministro peruano, Alberto Otárola, revelou que a presidente Dina Boluarte determinou a viagem dos ministros da Defesa e do Interior para a fronteira com o Equador. Além disso, um contingente da Direção de Operações Especiais (Diroes) da polícia nacional será deslocado imediatamente para reforçar as medidas de segurança na região fronteiriça.
O estado de emergência, já em vigor em áreas próximas ao Equador desde setembro, será estendido para as regiões de Cajamarca, Amazonas e Loreto, todas com limites fronteiriços com o país vizinho.
Posicionamentos internacionais
Os Estados Unidos e a Bolívia expressaram preocupação e solidariedade com o Equador diante da situação crítica. O subsecretário para Assuntos do Hemisfério Ocidental dos Estados Unidos, o embaixador Brian Nichols, afirmou que os EUA estão prontos para ajudar o governo equatoriano. O presidente da Bolívia, Luis Arce, repudiou os atos de violência e ofereceu apoio ao governo equatoriano, propondo a regionalização da luta contra o narcotráfico.
A situação tornou-se mais tensa após o presidente equatoriano, Daniel Noboa, declarar estado de conflito armado interno no país e ordenar que o exército equatoriano “neutralize” grupos criminosos na região. O Brasil, por meio do Ministério das Relações Exteriores, comandado por Mauro Vieira, emitiu uma nota condenando os ataques e manifestou preocupação com a violência no Equador.
Contexto geopolítico
A fronteira entre o Peru e o Equador, estendendo-se por 1.529 quilômetros, atravessa áreas inacessíveis da floresta amazônica. A ação conjunta entre as forças militares e a polícia busca conter a violência e garantir a segurança nessas regiões fronteiriças. O momento é crucial, considerando que o Equador enfrenta uma onda de violência e insegurança que culminou em um recorde de 7,6 mil homicídios no ano anterior.
O cenário é dinâmico, e a comunidade internacional observa com atenção os desdobramentos, enquanto os líderes regionais se mobilizam para conter a situação. O Peru, ao declarar estado de emergência e reforçar suas tropas na fronteira, busca contribuir para a estabilidade da região e cooperar com o Equador diante da crise.
Foto destaque: Alberto Otárola e Dina Boluarte na reunião (Reprodução/REUTERS)