Nesta quarta-feira (12), a Organização das Nações Unidas (ONU), divulgou relatório que mostra que o primeiro trimestre de 2023 chegou ao maior número de morte de migrantes que tentavam chegar a Europa, ao atravessar o Mediterrâneo Central. É o maior número registrado desde 2017, por isso o governo da Itália declarou estado de emergência.
Entre janeiro e março deste ano, foram 441 mortes de migrantes que tentavam atravessar o Mediterrâneo, no caminho do Norte da África para a Europa, de acordo coma Organização Internacional para Migração (OIM). Essa é a rota de migração considerada como a mais fatal.
O diretor-geral da OIM, António Vitorino, declarou que “com mais de 20 mil mortes registradas nessa rota desde 2014, temo que elas tenham sido normalizadas”. E acrescentou “A persistência da crise humanitária na região central do Mediterrâneo é inaceitável”, acrescentou.
É possível que até metade do número de mortes estarem relacionadas a atrasos de diferentes países nos esforços de resgate, de acordo com relatório.
Neste ano, 127 migrantes foram levados à morte por falta de comoção das equipes de resgate em seis incidentes. Mais 72 pessoas morreram num sétimo incidente por nenhuma missão de resgate comparecer.
“Os Estados devem responder. Atrasos e lacunas nas operações de busca e salvamento estão custando vidas humanas”, alerta António. “Para a ONU, o número de mortes nos primeiros três meses do ano está provavelmente subestimado em relação ao verdadeiro número de vidas perdidas no Mediterrâneo Central”.
A ONU, para investigar os diversos casos de “naufrágios invisíveis” – casos em que embarcações desaparecem sem vestígio de sobreviventes- criou “O projeto Missing Migrants. Mais de 300 pessoas que estavam a bordo nessas embarcações ainda estão desaparecidas.
António Vitorino – Diretor da OIM / Reprodução Internet
Itália
As autoridades italianas declararam estado de emergência em resposta ao aumento acentuado de migrantes que chegam ao país, uma situação que foi agravada durante o fim de semana da Páscoa, quando cerca de 3 mil migrantes desembarcaram na Itália, de acordo com a OIM. Este aumento repentino elevou o número total de chegadas desde o início do ano para 31.192 pessoas.
Apesar dos esforços do governo de extrema-direita, de Giorgia Meloni, para reprimir a migração irregular, os desembarques aumentaram significativamente em comparação com o mesmo período do ano passado.
Cerca de 2 mil pessoas chegaram à ilha italiana de Lampedusa durante o fim de semana da Páscoa, enquanto a guarda costeira resgatou cerca de 800 pessoas de um barco de pesca na costa da Sicília.
O ministro italiano do Mar e Proteção Civil, Nello Musumeci, descreveu a situação como uma “emergência absoluta”, que coloca em risco a infraestrutura da Itália. Ele citou um aumento de 300% no fluxo de migrantes e afirmou que “as ilhas sozinhas não conseguem enfrentar esse estado de emergência”. Apesar disso, o estado de emergência, que vai vigorar por seis meses, desbloqueará 5 milhões de euros para as regiões no sul do país que lidam com a crise migratória. No entanto, o ministro italiano alertou que o estado de emergência “não resolve o problema” e que “a solução depende de intervenção responsável da União Europeia”.
A situação migratória na Itália é um tema que exige a cooperação e ação conjunta de todos os países europeus, segundo o diretor-geral da OIM, António Vitorino. Ele pediu uma “coordenação pró-ativa” dos vários países nos esforços de busca e resgate, lembrando que salvar vidas é uma obrigação legal dos Estados. Ele enfatizou que a solidariedade e a partilha de responsabilidade são essenciais para reduzir a perda de vidas nas rotas de migração. É importante ressaltar que a crise migratória na Itália não é um problema isolado, e as soluções devem envolver a União Europeia e outros países da região.
Foto destaque: equipes de resgate e migrantes. Reprodução/IOM