De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), a área do 31º BPM na Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde quatro médicos foram baleados nesta quinta-feira (5), registrou um aumento de 150% no número de homicídios entre janeiro e agosto em comparação com o mesmo período no ano passado. São mais que o dobro, 60 mortes em 2023 em comparação a 24 em 2022.
A região, que abrange a orla da Barra da Tijuca, viu três dos quatro médicos executados e mortos no incidente de repercussão, e mais um internado, em estado estável.
Nesta Área Integrada de Segurança Pública (Aisp) do 31º BPM, também aumentou o total de mortes resultantes do confronto com a polícia: de janeiro à agosto foram 11 mortos somente neste local, contabilizando um número que iguala a soma do mesmo período nos oito anos anteriores.
Local onde a execução ocorreu possui muita atividade de facções criminosas. (Foto:Reprodução/Fabiano Rocha/Agência O Globo)
Disputas criminosas
A elevação no número de assassinatos nessa região do Rio reflete uma atual guerra entre traficantes de facções criminosas, bandidos rivais, e milicianos que todos disputam os territórios locais.
Além do Recreio dos Bandeirantes, local mais específico onde os médicos foram executados, o 31º BPM é composto pela Barra de Guaratiba, Joá, Itanhangá, Vargem Grande, Vargem Pequena, Camorim e Grumari.
Embora a Polícia Militar esteja investigando o caso recente, trata-se de um evento em uma extensa sequência de conflitos entre quadrilhas integradas por paramilitares, milicianos e traficantes, que mesmo esse ano já viu de março até junho um total de sete mortos nos bairros de Vargem Pequena e Vargem Grande, devido ao choque de duas facções criminosas.
É possível que a execução tenha sido o resultado de um engano devido à similaridade de Perseu Almeida, à esquerda, médico assassinado, e Taillon Barbosa, à direita, filho de miliciano. (Foto:Reprodução/CNN)
O caso dos médicos
Este último caso, em que três médicos foram executados e um acabou internado, foi investigado pela Polícia Militar e atualmente a principal razão suspeita por trás do ataque é a confusão devido à semelhança de Perseu Almeida, um dos médicos atacados, com Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, filho do miliciano Dalmir Pereira Barbosa.
A possibilidade desse engano é suportada após suspeitos do assassinato terem sido encontrados mortos, acreditando-se que os líderes do Comando Vermelho ficaram indignados com a execução de inocentes.
Tal briga por territórios, que resulta em tanto agravamento da violência local, decorre de fatores como o lucro obtido por cada facção: as milícias, por exemplo, tem faturamentos mensais estimados de até entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões, no cobrar de taxas de motoristas de transporte alternativo, ou com o loteamento irregular de terrenos.
Foto Destaque: Quiosque onde aconteceu o assassinato dos médicos de São Paulo, na Barra da Tijuca. Reprodução/Fabiano Rocha/Agência O Globo