Indígenas peruanos se manifestam pelo fim dos assassinatos na Amazônia: “O sangue derramado nunca será esquecido”

Giovana Sedano Por Giovana Sedano
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Indígenas peruanos foram às ruas nesta sexta-feira (17), na cidade de Lima, exigindo proteção para a terra e a água, e se solidarizando com o Brasil, após o assassinato de um jornalista britânico, Dom Phillips, e um indigenista brasileiro, Bruno Pereira, na Amazônia brasileira.

Aos gritos de “O sangue derramado nunca será esquecido!”, uma centena de indígenas da serra andina, Floresta Amazônica e costa peruana, percorreram as ruas de dois distritos do sul da capital. Os indígenas manifestaram-se em frente à sede do Ministério da Justiça, no distrito de Miraflores, e depois caminharam quase três quilômetros até o prédio do Ministério do Interior, onde os manifestantes denunciaram que os defensores do meio ambiente na Amazônia são alvos frequentes de ataques e perseguição. Dezenove deles foram assassinados nos últimos dois anos no Peru, segundo ONGs.

“Nos deixa indignados que nossos territórios estejam hipotecados pelas mineradoras. Estamos na porta do Ministério do Interior porque o governo não nos ouve”, disse a aymara Margarita Atencio Mamani. “Nosso Lago Titicaca (compartilhado por Peru e Bolívia) está muito poluído”, lamentou a indígena.

“O país ocupa o nono lugar entre os países com o maior número de ataques registrados contra defensores do meio ambiente no mundo”, apontou a ONG Direito, Ambiente e Recursos Naturais (DAR). “A violência contra os defensores do meio ambiente e dos direitos humanos está fora de controle em nível nacional”, acrescentou.


Indígenas manifestam-se nas imediações do Ministério do Interior, em Lima (Foto: AFP)


A líder amazônica awajún Agustina Mayan, 44, disse que não se pode “permitir que continuem assassinando” ativistas na Amazônia. “Nós nos solidarizamos com o Brasil”, acrescentou, após o assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira.

“A Amazônia corre muito perigo com o corte de madeira e a contaminação da água e do meio ambiente em geral”, advertiu Arthur Cruz Ochoa, líder da comunidade indígena de Maynas Punchana, na região de selva de Loreto.

 

A morte de Dom e Bruno

Os dois foram assassinados no Vale do Javari, na Amazônia, após um “embate” no qual os suspeitos fizeram “disparo de arma de fogo”, segundo Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, pescador que confessou o crime em depoimento à Polícia Federal. O irmão de Amarildo, Oseney da Costa Oliveira, conhecido como Dos Santos, também está preso.

Os fragmentos de corpos foram achados a partir de indicações de Amarildo, que foi ao local com uma equipe da PF. No entanto, na quinta-feira, a PF não achou, em novas buscas, o barco em que viajavam Dom e Bruno. A embarcação teria sido afundada por Pelado, com a ajuda de sacos de terra.

Pelado foi levado ao local das buscas na manhã desta quarta-feira e a PF fez uma reconstituição do crime. O suspeito indicou onde as vítimas foram mortas e onde estavam os corpos.

 

Foto Destaque: Kenzo Tribouillard/AFP

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