Justiça da Argentina decreta prisão preventiva dos acusados de tentar matar a vice-presidente e amplia acusações

Lorena Correia Por Lorena Correia
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A Justiça da Argentina decretou a prisão preventiva do brasileiro, Fernando Sabag Montiel, acusado de tentar disparar contra a vice-presidente do país, Cristina Kirchner, e sua namorada, Brenda Uliarte, apontada como responsável por planejar o atentado frustrado no dia 1º de setembro. O casal está em prisão provisória e agora, as acusações contra ambos aumentarão.

Conforme a decisão da juíza María Eugenia Capuchetti, responsável pelo caso, Fernando e Brenda estão sendo acusados de serem co-autores da tentativa de homicídio qualificado, com agravante de arma de fogo, premeditação do crime e reunião premeditada de duas ou mais pessoas para cometer o crime.

A juíza afirmou que o plano inicial do brasileiro residente na Argentina era atirar na vice-presidente, e que a ação foi planejada e acertada previamente com a sua namorada. Na decisão da magistrada, disposta em 95 páginas, incluem os delitos de posse de arma “sem a devida autorização legal na qualidade de autoria de receptação, com o conhecimento da procedência ilícita” da arma, uma pistola e a posse, também ilegal, de munições. Além disso, foi fixada uma fiança de 100 milhões de pesos, o equivalente a R$ 3,66 milhões.

No último dia 7, a juíza Capuchetti formalizou as acusações de tentativa de assasinato pelo casal ter atuado “de forma planejada e de comum acordo”. Contudo, a decisão da última quinta-feira ampliou as acusações contra os apontados com os principais acusados pelo atentado.

Além disso, outras duas pessoas foram presas por terem relação com o caso: Agustina Díaz, amiga com quem Brenda trocou mensagens sobre o atentado e a intenção de matar a vice-presidente, e Nicolás Gabriel Carrizo, que recebeu Uriarte em sua casa na noite do atentado e em cujo o celular continha uma suposta ameaça ao presidente Alberto Fernández. Contudo, a Justiça ainda não estabeleceu se eles estão diretamente ligados ao atentado ou se ajudaram a ocultar os dois responsáveis.

O La Nación teve acesso ao processo que reúne de depoimentos, inclusive dos  kirchneristas que acompanhavam a vice-presidente na noite da tentativa de assassinato. O documento reúne, também, o material apreendido pelos investigadores, incluindo os celulares dos suspeitos. Dessa forma, foi possível traçar uma linha do tempo referente aos momentos antes, durante e depois da arma falhar.

A juíza reitera que Brenda comprou, em abril, de uma pessoa chamada “Serena” a arma, uma pistola semiautomática da marca Bersa, calibre .32. Em julho, Uliarte disse, pela primeira vez, a sua amiga Agustina que havia decidido matar Cristina Kirchner e que estava preocupada com o esquema de segurança da vice-presidente, e que portanto precisaria decidir como executaria a ação.

Em 1º de setembro, noite da tentativa de assassinato da vice-presidente argentina, a magistrada indicou que o casal foi até o local e que Sabag, “se aproveitando do estado indefeso da vítima”, apertou o gatilho duas vezes, mas a arma falhou. A juíza também afirmou que o assasinato “não ocorreu por razões alheias à sua vontade, e a partir da imediata reação das pessoas que estavam no local, que renderam o imputado imediatamente, antes que tentasse novamente”. Os investigadores do caso, mencionados na decisão, comentaram que a noite era o “capítulo final do plano criminoso previamente acertado, desenhado e estudado” pelos criminosos.

Ainda segundo a imprensa argentina, a decisão não indica que a ação estaria vinculado a “gangue do algodão doce”, grupo que Sabag e Uliarte faziam parte de uma organização antissistema conhecida como Revolução Federal, conhecida por tecer críticas a figuras políticas e realizar atos públicos, que por vezes, são violentos.


Vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, reunida com apoiadores católicos no Senado. (Foto: Reprodução/Extra)


Na última quarta-feira (14) Cristina Kirchner falou publicamente pela primeira vez desde o atentado e disse estar viva “graças a Deus e à Virgem”. Durante uma reunião com aliados católicos no Senado, a vice-presidente revelou ter recebido apoio do Papa Francisco.

 

Foto Destaque: Brenda Uliarte e Fernando Sabag Montiel. (Foto: Reprodução/Extra)

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