O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas nesta terça-feira (19). Em um discurso de pouco mais de 21 minutos, o representante do Brasil deu foco a desigualdade enfrentada por muitas pessoas ao redor do mundo, e pediu por ajuda dos países mais ricos, que segundo Lula, deveriam se esforçar mais em questões como a fome, a paz, a luta contra as mudanças climáticas e na reforma de instituições (tendo a ONU como exemplo).
Início do Discurso
Lula abriu o discurso relembrando a sua primeira participação na tribuna da ONU, em 2003, logo após ser eleito. O presidente afirmou que mantém a mesma confiança que tinha na humanidade há 20 anos, mesmo após presenciar o impacto da crise climática.
Nas palavras de Lula, os problemas climáticos destroem casas, cidades e até países, além de levar a vida de diversas pessoas. Logo após, ele citou o problema da fome, que afeta 735 milhões de pessoas ao redor do mundo, muito delas que vão dormir sem saber se vão ter o que comer no dia seguinte.
Planejamento no Brasil
Lula citou a implementação da Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável, que conta com 17 objetivos, em território brasileiro, além de mencionar um 18º que visa alcançar a igualdade racial.
O presidente também apresentou projetos de combate à desigualdade que foram implementados no Brasil, citando o Brasil sem Fome, o Bolsa Família e a Lei 14.611/23, que prevê igualdade salarial para homens e mulheres no exercício da mesma função.
Mudanças climáticas
A pauta que foi debatida na sequência foi a questão das mudanças climáticas, que vem sendo foco do governo Lula. Em contraste com o governo Bolsonaro, o atual presidente vem mencionando o assunto em discussões dos fóruns internacionais desde sua posse, em janeiro.
Segundo Lula, o planejamento contra as mudanças climáticas é essencial para o futuro, além de ajudar a combater desigualdades históricas. O presidente apontou que o crescimento dos países ricos foi através de um modelo de negócios atrelado a alta taxa de emissão de gases danosos, além de afirmar que 10% dos mais ricos são responsáveis por quase metade do carbono lançado na atmosfera. Na visão dele, os países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, não querem seguir esse modelo.
Lula durante discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas (Foto: Reprodução/X/@LulaOficial)
Final do Discurso
Lula também afirmou que a questão da desigualdade deve gerar indignação nos líderes globais, e dessa forma, motivá-los a resolver esse problema.
“A desigualdade precisa inspirar indignação. Indignação com a fome, a pobreza, a guerra, o desrespeito ao ser humano. Somente movidos pela força da indignação poderemos agir com vontade e determinação para vencer a desigualdade e transformar efetivamente o mundo a nosso redor”, completou o presidente Lula.
Por fim, o presidente brasileiro cobrou a própria Organização das Nações Unidas (ONU) por uma participação maior na resolução dessas questões. A ONU vem sendo alvo de diversas críticas, alegando que a entidade pouco se esforça para monitorar e/ou punir governos que reduzem a qualidade de vida dos seus habitantes.
“A ONU precisa cumprir seu papel de construtora de um mundo mais justo, solidário e fraterno. Mas só o fará se seus membros tiverem a coragem de proclamar sua indignação com a desigualdade e trabalhar incansavelmente para superá-la”, encerrou Lula.
O Brasil costuma ser o primeiro país a discursar durante a fase de debates. Nessa edição, o presidente Lula começou a falar após António Guterres, secretário-geral da entidade, e Dennis Francis, diplomata de Trinidad e Tobago e presidente da Assembleia Geral.
Foto destaque: Assembleia Geral das Nações Unidas. Reprodução/X/@LulaOficial