O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, em Brasília (DF), na última segunda-feira (30). O encontro foi palco de debates que envolvem questões comerciais, econômicas e ambientais. Sobrou espaço até para descontrair e relembrar o 7×1 da Copa de 2014. Lula também comentou sobre os conflitos entre Rússia e Ucrânia e fez apelo por paz.
Na pauta econômica, o retorno ativo do Brasil nos acordos internacionais foi bastante falado. Os governantes pretendem reestruturar os laços entre a União Europeia e o Mercosul. O chanceler alemão enfatizou a importância de dar continuidade a esses acordos e afirmou que “o acordo UE-Mercosul é de interesse de ambas as regiões e ambos queremos que haja uma rápido avanço nessa questão”.
Ele ainda comemorou a eleição de Lula, que trouxe a participação do país de volta ao cenário internacional. Também pretende solidificar a relação entre a Alemanha e o Brasil e aprimorar a produção que já existe entre esses dois países: “Existem em seu país cerca de mil empresas germano-brasileiras que, por si só, é um número impressionante. Mas, queremos aumentar ainda mais no futuro”.
Scholz também fez ressalvas aos acordos relacionados à preservação da Amazônia. Mencionou a necessidade de enxergar essa questão não só como ambiental, mas também uma pauta de âmbito social.
Brasil recebe 200 milhões de euros para reparar questões ambientais. (Foto: Reprodução/EBC)
Fundo Amazônia
O Fundo Amazônia recebeu £35 milhões da Alemanha para trabalhos de preservação na região. O anúncio foi feito pela Ministra da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento da Alemanha, Svenja Schulze, que se encontrou na segunda-feira (30) com a Ministra do Meio Ambiente Marina Silva.
Além da quantia destinada ao Fundo, o Brasil também recebeu ações para estimular a produção de energia renovável, incentivar pequenos produtores no reflorestamento e sustentabilidade e promover a maior produção nas empresas de princípios ambientais. No total, a Alemanha empenhou mais de £200 milhões (cerca de R$1 bilhão) para a atuação emergente em assuntos de sustentabilidade no Brasil. O governo tem 100 dias para usar todo o dinheiro e já anunciou que uma das finalidades é reparar a situação dos indígenas Yanomami.
Apelo por paz
Em seu discurso, Lula também comentou sobre a situação entre a Rússia e a Ucrânia, que completará um ano em fevereiro. O presidente disse que as duas nações devem entrar em acordo e se resolverem. Afirmou, também, que está disposto a conversar com Volodymyr Zelensky (presidente da Ucrânia) e com Vladimir Putin (presidente da Rússia), caso necessário.
Ele frisou, no entanto, que “o Brasil não tem interesse em passar as munições, para que elas sejam utilizadas nas guerras entre Rússia e Ucrânia”. Disse também que “o Brasil é um país de paz. Portanto, o Brasil não quer ter qualquer participação, mesmo que indireta”.
Lula faz críticas à ONU. (Foto: Reprodução/EBC)
Enfraquecimento da ONU
Lula criticou a atuação da Organização das Nações Unidas (ONU), que, há anos, não tem cumprido com sua missão de manter a unificação e a paz entre os inúmeros países do mundo. Disse, ainda, que a ONU já não representa a realidade geopolítica. “Queremos que o Conselho de Segurança da ONU tenha força, tenha mais representatividade e que possa falar mais uma linguagem que o mundo está precisando”, disse.
O petista também afirmou aos jornalistas: “Quando a ONU estiver forte, a gente vai evitar, certamente, possíveis guerras que acontecem. Porque hoje as guerras acontecem por falta de negociação, por falta de alguém, de um conjunto de países que interfira nisso”.
Foto Destaque: Lula e Olaf Schulz. Reprodução/EBC.