Emmanuel Macron, presidente da França, nomeou nesta terça-feira (09) Gabriel Attal como Primeiro-Ministro do país, após o pedido de demissão de Élisabeth Borne.
Quem é Gabriel Attal
O novo primeiro-ministro francês será o mais novo da história, com 34 anos, e o primeiro abertamente gay. Há cerca de seis meses, Attal era o ministro da Educação, e já passou por vários cargos desde 2018.
A decisão de Macron tem como objetivo remodelar o gabinete do governo para reforçar o partido de centro em meio ao avanço da extrema-direita na França. As pesquisas de opinião mostram que Macron está atrás do partido da líder de extrema direita Marine Le Pen.
Attal terá como primeira missão impulsionar o governo de Macron após uma série de decisões de reformas impopulares. É válido lembrar que o primeiro-ministro tem adotado algumas medidas criticadas por partidos de esquerda e associações de defesa dos imigrantes, como a decisão de proibir o uso de abayas, túnicas usadas por mulheres muçulmanas, nas escolas francesas.
Gabriel Attal é considerado uma estrela em ascensão, junto ao ministro do interior, Gerald Darmanin, de 40 anos, e também visto como possível substituto de Macron quando ele deixar o cargo, em 2027. Partidos da oposição alegam que ambos os ministros estão apelando para discursos anti-imigração com o objetivo de frear o avanço de partidos da extrema-direita no país, e partidos de esquerda ironizam a reformulação: “mudar os cortesãos sem mudar o rei não mudará nada”.
Crises em 2023 e saída de Borne
A nova nomeação chegou após o pedido de demissão da ex-primeira-ministra, Élisabeth Borne, que entregou sua carta de renúncia a Macron na segunda-feira (08). Ela assumiu em maio de 2022, ficando 22 meses no cargo. Ela foi a segunda mulher a chefiar o governo francês.
A saída de Borne ocorre durante uma maré de críticas às reformas realizadas pelo governo de Macron. Ela foi apontada como uma das responsáveis pelas falhas na articulação da Lei de Imigração, aprovada em dezembro, após muitas mudanças para garantir o apoio de partidos de direita, que causaram em regras mais duras do que as inicialmente propostas.
Em abril de 2023, após a aprovação da Reforma da Previdência, a permanência de Borne no cargo começou a ser questionada. A reforma foi rejeitada por cerca de 70% da população e gerou protestos que duraram 3 meses seguidos. A reforma só foi aprovada após recorrer ao artigo 49.3, que dispensa a votação do texto pela Assembleia Nacional. Membros do governo, inclusive de Macron, criticaram a necessidade do recurso e consideraram Borne como incapaz.
Foto destaque: Gabriel Attal é nomeado primeiro-ministro da França (Reprodução/Metrópoles/Christian Liewig – Corbis/Getty Images)