A cada dia, cerca de 245 mulheres buscam ajuda pela Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 para relatar casos de violência no Brasil, de acordo com os dados mais recentes divulgados pelo Ministério das Mulheres. Entre janeiro e outubro deste ano, o serviço registrou um total de 461.994 chamadas, das quais 74.584 foram denúncias de violência contra mulheres. Essa cifra supera as estatísticas do mesmo período do ano anterior, que contabilizou 73.685 denúncias.
Denúncias
As denúncias abrangem diversos tipos de violência, sendo as mais frequentes as de natureza psicológica (72.993), física (55.524) e patrimonial (12.744). A violência sexual surge em quarto lugar, com 6.669 denúncias, seguida por cárcere privado (2.338), violência moral (2.156) e tráfico de pessoas (41).
Entre as denúncias recebidas pelo Ligue 180 nos últimos 10 meses, 51.941 partiram diretamente das mulheres em situação de violência. Os dados destacam que as mulheres negras são as principais vítimas, totalizando 31.931 casos. A maioria dos incidentes ocorre nos lares das vítimas e de seus familiares, e os estados com o maior número de denúncias contra mulheres são São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
O Ligue 180 exerce a função de registrar e encaminhar denúncias de violência contra a mulher para as autoridades competentes. Além disso, aceita reclamações, sugestões e elogios sobre o funcionamento dos serviços de atendimento. O serviço também orienta sobre os direitos das mulheres, indicando os locais de atendimento mais apropriados para cada situação, como a Casa da Mulher Brasileira, Centros de Referências, Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam), Defensorias Públicas e Núcleos Integrados de Atendimento às Mulheres, entre outros.
Disque denúncia no RJ faz retrato da violência contra a mulher (Foto: reprodução/Hermes de Paula/via Globo)
Recorde
Em contraste com a tendência de redução nas mortes violentas intencionais, o Brasil enfrentou um recorde de feminicídios em 2022, com 1.437 vítimas, um aumento de 6,1% em relação ao ano anterior. O país também observou crescimento nos indicadores de violência contra a mulher, incluindo lesão corporal (2,9%), concessão de medidas protetivas (13,7%) e ameaças (7,2%), de acordo com o 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. A pandemia do coronavírus, com o aumento do isolamento social, foi um fator crucial para o crescimento da violência doméstica, resultando em recordes de crimes dentro de casa, especialmente contra mulheres e crianças, e na interrupção de diversos serviços de proteção à mulher.
Foto destaque: Combate contra a violência doméstica (Reprodução/Paulo H. Carvalo/Agência Brasil)