Sob o comando de sindicalistas e grupos de organizações da esquerda política, Buenos Aires foi alvo de protestos nesta quarta-feira (20). O ato configura-se como a primeira manifestação contra as novas implementações do governo de Javier Milei, eleito presidente do país no mês passado. A movimentação começou por volta das 14 horas e foi mobilizado pela polícia por questão de obstrução de uma das grandes vias da cidade, a Praça de Maio, localizada na capital do país. Segundo as autoridades, os manifestantes devem ocupar apenas calçadas e áreas que não atrapalhem a mobilidade da cidade.
Mobilização policial
A equipe de polícia de Buenos Aires foi chamada como forma de reforço horas antes do protesto iniciar. Ocorreram revistas nos passageiros que estavam embarcando em estações ferroviárias próximas dos locais determinados. Segundo Eduardo Belliboni representante do Polo Obero, organização social composto pelos proletariados, as autoridades estariam aterrorizando a população e defendeu o uso das ruas como lugar de manifestações públicas, uma vez que ocasiões deste tipo ocorrem em diversos lugares ao redor do mundo.
Policiais ocupando estação de trem por conta das manifestações ocorridas hoje (20) em Buenos Aires. Foto: reprodução/Rodrigo Abd/Associated Press/G1
A ministra da segurança do país, Patrícia Bullrich, declarou na última quinta-feira (14) que, por meio da lei, as forças federais foram guiadas e instruídas para utilizar “mínima força necessária e suficiente” durante um possível conflito. No entanto, atos considerados como flagrantes terão sua devida intervenção imediata.
Motivações das manifestações
A mobilização deste grupos está relacionada às novas políticas que estão sendo compartilhadas da administração de Milei. Uma delas está ligada à não concordar com o novo plano econômico intitulado Plano Motosserra, que se apresentam como medidas bruscas que visam melhorar a economia do país. No entanto, a ideia do presidente está atrelada à um corte bruto dos gastos públicos como, por exemplo, a redução de subsídios para o consumo de energia e transportes públicos.
Adjacente à esta insatisfação, foi anunciado na última segunda-feira (18), que os protestantes que forem flagrados interditando as ruas, sofrerão ameaças de cortes em seus programas sociais. “Protestar é um direito, mas também é um direito circular livremente pelo território argentino para ir ao local de trabalho […] Quem promover, instigar, organizar ou participar de piquetes perderá todo tipo de diálogo com o Ministério do Capital Humano”, esclareceu a ministra do Capital Humano, Sandra Pettovello. Vale ressaltar que a medida tem ligação direta com o slogan “el que corta no cobra”/ “quem corta não recebe”, utilizado pelo próprio Javier Milei durante sua trajetória eleitoral.
A manifestação desta quarta-feira (20), também carregou um fundamento histórico, os grandes piquetes (termo que os argentinos se referem aos protestos) ocorridos entre os dias 19 e 21 de dezembro 2001, período pelo qual o país vizinho passava por uma das piores crises já registrada. Na época, os conflitos geraram mais de 30 mortes e milhares de pessoas ficaram feridas. O governante da época, o presidente Fernando de la Rúa, chegou a promulgar um estado de emergência pela região.
Foto Destaque: o protesto desta quarta-feira (20) foi iniciado no período da tarde em Buenos Aires. Reprodução/Juan Mabromata/AFP/notíciasr7.com