Médica receita pomada inexistente para tratar bebê em Santos

Joana Tchian Por Joana Tchian
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Uma médica da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central de Santos, no litoral paulista, receitou uma pomada antialérgica que não existe para tratar um bebê no hospital. O medicamento em questão só existe nas versões de xarope e comprimido.

Em entrevista ao G1, o pai da criança, que preferiu não ser identificado, disse que está triste com a situação, e que poderia ser algo mais grave: “É difícil julgar a médica, [talvez] não estava em um dia bom, trabalhando demais, mas devemos pensar que poderia ser algo mais grave. Ela receitou um medicamento para alergia que não existe, mas poderia ser algo mais grave”, afirma o pai.

A família do bebê de 10 meses buscou pelo remédio em duas farmácias, mas foi informada de que a pomada Loratadina, a qual foi receitada pela médica, não existe, e que apenas são vendidos o comprimido e o xarope deste mesmo medicamento.

De acordo com o pai da criança, o filho foi levado pela mãe à UPA Central por conta de uma assadura grave no bumbum e diarreia.

Ainda em entrevista ao G1, Paula Carpes Victório, farmacêutica toxicologista, afirmou que a loratadina é um antialérgico e que, talvez, a médica tenha cometido um equívoco ao receitá-lo ao bebê, confundindo com o polaramine. Segundo ela, este, sim, é um antialérgico que tem a opção em pomada. A farmacêutica ressaltou que eles não podem modificar a prescrição do remédio, mas que, em casos como este, o farmacêutico pode entrar em contato com o médico para se informar sobre tal medicamento receitado. E, caso o contato não seja possível, é necessário que o próprio paciente volte a falar com o profissional que receitou o remédio.


Prescrição do medicamento que não existe feito ao bebê de 10 meses. Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal


A Prefeitura de Santos informou, em nota, que “a contratação da médica é de total responsabilidade da Organização Social que administra a UPA Central.” A Secretaria de Saúde abrirá uma apuração na Comissão de Acompanhamento e Fiscalização, segundo a administração municipal, para investigar a conduta da médica responsável e tomar medidas cabíveis.

A direção da UPA Central disse que a médica foi advertida por conta do ocorrido, mesmo que o atendimento ao bebê tenha sido realizado de acordo com os protocolos preconizados pelo Conselho Regional de Medicina (CRM).

Em relação à prescrição da pomada loratadina, a direção da UPA apurou que “ocorreu um erro de digitação na composição do medicamento, que não ocasionou qualquer dano ao paciente, inclusive pelo fato de que efetivamente a fórmula prescrita não existe”, disse a direção em nota para a prefeitura de Santos.

Por fim, a administração da unidade de saúde deixou claro que a família do bebê pode buscar a receita atualizada, na coordenação médica da UPA Central.

Foto destaque: Reprodução/G1

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