Médico preso após denúncia de cárcere privado usava pacote “x-tudão” para atrair mais cirurgias

Diogo Nogueira Por Diogo Nogueira
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Preso, acusado de manter uma paciente em cárcere privado após um erro médico, o cirurgião equatoriano Bolívar Guerrero Silva oferecia um pacote denominado por ele como “x-tudão”, no qual havia procedimentos plásticos de quatro a cinco cirurgias, que poderiam ser pagos em um carnê.

O médico teve a prisão prorrogada nesta sexta-feira (22). O consultório que Guerrero trabalhava, no Hospital Santa Branca, onde a paciente denunciou que foi vítima de cárcere privado, contava com um time para divulgação do seu trabalho que passava em grupos de Whatsapp e redes sociais, com o intuito de atrair clientes e até oferecendo cirurgias plásticas com preços abaixo do mercado e facilidade no pagamento.

A equipe de divulgação de Bolívar procurava vender o máximo de procedimentos estéticos e, claro com a mesma facilidade.

Ao aderir o pacote x-tudão, a cliente teria direito as seguintes cirurgias:

Lipoaspiração – técnica que através da sucção retira o excesso de gordura de uma determinada região do corpo.

Abdominoplastia – cirurgia plástica abdominal para retirada do excesso de pele na região.

Lipoenxertia – Lipoenxertia é uma técnica de cirurgia plástica que usa a gordura do próprio corpo para preencher, definir ou dar volume a certas partes do corpo. Em geral, as clientes optavam por colocar a gordura no bumbum.

Mastopexia – cirurgia plástica para levantar as mamas. Pode ser feita simples ou com colocação de silicone.

Como funcionava o Carnê?

A primeira medida tomada pela equipe do médico era a distribuição do que chamavam de Carnê de Cirurgia Programada. Todas as tercas e quartas o carnê era distribuído com uma consulta incluída. 

O cliente interessado tinha que agendar uma consulta para terça ou quarta e pagar o valor de R$ 1 mil de entrada, sendo assim, poderia ter acesso ao carnê.

A quantia restante da cirurgia poderia ser parcelada em até 12 vezes ou ainda a opção de parcelas menores com um saldo a ser pago no dia da cirurgia.

A ideia é que o paciente/cliente quitasse e marcasse seu procedimento em até um ano, podendo realizar antes, com a condição que quitasse seu carnê/dívida.

Caso a pessoa tivesse algum imprevisto e não conseguisse pagar e operar em um ano, poderia atualizar o carnê.

Já em suposta desistência, os divulgadores afirmam que apenas o dinheiro da consulta inicial seria descontado do valor já pago e o restante devolvido.

A prisão do médico

Bolívar Guerrero Silva foi preso no dia 18 de julho dentro do centro cirúrgico do Hospital Santa Branca, em Duque de Caxias. Segundo a polícia, ele mantinha uma mulher em cárcere privado depois dela ter passado por uma situação conturbada em decorrência da cirurgia de abdominoplastia e está em estado grave no momento.


O cirurgião Bolívar Guerrero Silva responde a pelo menos outros 19 processos na Justiça por erros médicos. (Foto: Reprodução/TV Globo)


Daiana Cavalcanti, ex-paciente do cirurgião, vinha tentando ser transferida de hospital, mas o cirurgião dificultou a transferência, mesmo com duas liminares da Justiça.

Daiana está internada desde junho desse ano no Hospital Santa Branca, e foi transferida na manhã desta quinta-feira (21) para o Hospital Geral de Bonsucesso, na Zona Norte do Rio.

Após a divulgação do caso de Daiana, pelo menos 11 mulheres já compareceram à Delegacia da Mulher de Duque de Caxias para denunciar o médico.

 

Foto em destaque: Cirugião preso por suspeita de cárcere privado oferecia serviço que poderia ser pago com carnê. (Reprodução/Redes sociais)

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