Nesta terça-feira, (25), os mercados começaram a operar refletindo uma combinação entre a perspectiva de alta dos juros nos Estados Unidos e o aumento de tensões geopolíticas na Ucrânia.
Pelo exterior, os americanos abriram o dia em queda. O temor de uma invasão russa vem crescendo com o aumento da concentração de tropas da Rússia nas fronteiras com a Ucrânia.
Em resposta, os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte, a OTAN, enviaram suas tropas em direção a países vizinhos à Ucrânia. Segundo o Pentágono, cerca de 8.500 soldados estão prontos para atuar na Europa. Desde a guerra fria, pela primeira vez, um grupo de porta-aviões americano se dirige para o mar, sob comando da OTAN.
Tensão geopolítica na Ucrânia agita o mercado internacional. (Foto: Reprodução/Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Essa tensão geopolítica se junta ao cuidado com a reunião, que se inicia hoje, de dois dias do FED, o Banco Central americano. É esperado pelo mercado que a primeira alta de juros nos Estados Unidos após a pandemia venha somente na próxima reunião, que acontecerá em março.
Contudo, esse encontro pode sinalizar um ritmo de retirada de estímulos e aumento dos juros. A atratividade da renda fixa sobre as ações aumenta com a perspectiva de alta nos juros. Com isso, as bolsas americanas já caminham para a maior queda mensal desde março de 2020.
Priscila Yazbek analisa a situação na Ucrânia e o impacto no mercado internacional. (Vídeo: Reprodução/Youtube/CNN Brasil)
Com a situação na Ucrânia e os juros sendo um peso, a OhmResearch, casa de análise, destacou que o mercado tem a maior volatilidade em 14 anos, desde 2008. Na segunda, (24), o Nasdaq chegou a cair quase 5%, e fechou em alta de 0,6%.
Pela Europa, as bolsas abriram em alta, já acompanhando a correção do mercado americano no fim do pregão de ontem. Já na Ásia, as bolsas fecharam em queda, sendo um reflexo à aversão ao risco nos mercados globais.
Situação no Brasil
No Brasil, o IBOVESPA também sofreu com essa aversão ao risco no exterior, que já afetou os países emergentes, caindo quase 1%.
Junto ao mau clima no exterior, pesa no cenário nacional o aumento do risco fiscal. Sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), o texto do orçamento de 2022 cortou investimentos ao menor nível registrado, indo para R$ 42,3 bilhões, porém manteve as verbas para o orçamento secreto intactas para o fundo eleitoral e reajustes salariais.
Com a PEC dos Combustíveis, que poderá resultar na perda de arrecadação de até R$ 100 bilhões, um analista de mercado conclui que a percepção é que o governo partiu para o tudo ou nada. Também pode caminhar para medidas mais populistas, com o intuito de elevar a popularidade até o período das eleições.
O dólar sobe 0,28%, a R$ 5,52 e o S&P Futuro cai 1,27%, aos 4.354 pontos. Ibovespa Futuro opera em queda de 0,53%, a 107.937 pontos.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou as projeções para a economia global. Os Estados Unidos têm a confiança do consumidor e os estoques de petróleo da API. Pelo Brasil, foi divulgado o dado de confiança ao consumidor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que era de 75,5% e caiu para 74,1%.
Foto destaque: Rússia e mercado internacional. Reprodução/Shutterstock