A junta militar de Mianmar deverá libertar sob anistia, uma ex-embaixadora britânica, um economista australiano, um jornalista japonês e aproximadamente mais de 6.000 outros prisioneiros. Vicky Bowman, Sean Turnell e Toru Kubota se encontram no meio dos 5.774 prisioneiros homens e 676 mulheres, que serão liberados para marcar o dia nacional de Mianmar, assim informou a mídia estatal nesta quinta-feira (17).
Os perdões concedidos se deram por “razões humanitárias”, logo após as duras críticas recebidas pela junta, vindas da cúpula de líderes do Sudeste Asiático. Desde fevereiro de 2021, Mianmar sofre turbulência política em virtude de um golpe que os militares deram ao prender líderes civis, incluindo Aung San Suu Kyi, que ainda está na prisão sob uma série de acusações que os críticos dizem ter motivação política.
Com isso, a junta passou a prender milhares de pessoas que protestavam contra o regime militar, entre eles alguns estrangeiros como Bowman, a principal diplomata do Reino Unido em Mianmar entre 2002 e 2006. Ela foi presa junto com seu marido birmanês em agosto, acusada de crimes de imigração, sendo enviada para a prisão de Insein em Yangon. Contudo, a Reuters informou que seu marido, o artista Htein Lin, também seria libertado pela anistia.
<blockquote class=”twitter-tweet”><p lang=”pt” dir=”ltr”>Junta militar de Mianmar liberta quase 6 mil presos políticos, incluindo estrangeiros<br><br>Decisão representa um raro gesto de distensão do regime, que já prendeu milhares de civis desde o golpe de Estado em fevereiro de 2021<a href=”https://t.co/qoGHakKZo8″>https://t.co/qoGHakKZo8</a></p>— O Globo | Mundo (@OGlobo_Mundo) <a href=”https://twitter.com/OGlobo_Mundo/status/1593343742550867968?ref_src=twsrc%5Etfw”>November 17, 2022</a></blockquote> <script async src=”https://platform.twitter.com/widgets.js” charset=”utf-8″></script>
Foi noticiado pelo O Globo que os prisioneiros políticos de Mianmar seriam libertos (Reprodução/Twitter)
O australiano Turnell, consultor econômico do gabinete de Suu Kyi, foi detido após o golpe e condenado a três anos de prisão em setembro, acusado de violar a Lei de Segredos de Estado Oficiais do país, a decisão no entanto foi condenada pelo governo da Austrália. Já o documentarista japonês Kubota foi condenado a 10 anos de prisão em outubro, com acusações que incluíam violação das leis de imigração, dado que o mesmo entrou no país com visto de turista para filmar protestos.
Não é a primeira vez que prisioneiros políticos são libertados pelos militares de Mianmar. Em outubro de 2021, foram libertos mais de 5.600 pessoas presas por protestar contra o regime militar. Com a reunião dos líderes do Sudeste Asiático na capital do Camboja, Phnom Penh, para a cúpula anual da Associação das Nações do Sudeste Asiático, o conflito envolvendo Mianmar esteve entre os tópicos discutidos. A junta vem enfrentando críticas crescentes na região por não conseguir implementar um plano de paz negociado em abril do ano passado.
Foto destaque: Familiares dos mais de 6.000 prisioneiros de Mianmar. Reprodução/Twitter