O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) alertou sobre três casos de gripe aviária em aves marinhas. Afetadas pelo vírus H5N1, também conhecido como influenza aviária, as aves silvestres foram encontradas no Espírito Santo. Apesar de acionar um sinal de alerta para a entidade e para produtores, esses casos não devem afetar o comércio e exportação.
O vírus foi identificado em dois indivíduos da espécie Thalasseus acuflavidus, também conhecida como Trinta-réis-de-bando, uma em Marataízes e uma na capital capixaba, Vitória. Uma terceira ave, da espécie Sula leucogaster, conhecida como Atobá-pardo, também apresentou o vírus. Essa última estava no Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos de Cariacica (Ipram), no litoral de ES.
Esses foram os primeiros casos de Influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) descobertos no país. A informação foi confirmada após o Serviço Veterinário Oficial (SVO) enviar amostras biológicas para análise pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de São Paulo (LFDA-SP), unidade de referência da Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA).
Mas apesar dessa descoberta, o Mapa afirma que o IAAP em aves silvestres não muda o status de país livre da doença, pois as espécies infectadas não pertencem ao sistema industrial brasileiro. Assim, os outros membros da OMSA não devem restringir o comércio internacional de produtos avícolas vindos do Brasil.
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Comunicado em vídeo do Mapa (Reprodução/Instagram)
Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária, anunciou um estado de alerta de emergência, visando aumentar a mobilização do setor privado e do serviço veterinário oficial para se preparar contra a pandemia de IAAP.
Segundo o Mapa, a evolução das investigações e do cenário epidemiológico vai influenciar na decisão sobre novas medidas sanitárias dentro do Brasil.
A gripe aviária é uma doença viral transmissível que atinge principalmente aves domésticas e selvagens. Atualmente existe uma pandemia de IAAP, com diversos casos relacionados ao contato de aves migratórias com aves de produção ou aves locais.
A atual variante do vírus, conhecida como gripe aviária A (H5N1) apareceu em 2020, e além de afetar aves silvestres, atingiu certos mamíferos, como texugos, porcos e ursos.
É comum que aves contraiam gripe, mas a H5N1 em específico tem sido mortal. Segundo pesquisadores, cerca de 60 milhões de aves morreram graças ao vírus ou abates em 2022. É importante ressaltar que se uma ave contrair o vírus, os produtores serão obrigados a matar todas as aves que tiveram contato com a ave infectada.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que alterações no vírus encontrado em animais da América do Sul mostraram que a gripe aviária está se adaptando aos mamíferos. Porém, os casos em humanos ainda são muito raros.
Desde 2003 foram registrados por volta de 900 casos de gripe aviárias em humanos, com uma taxa de mortalidade de mais de 50%, principalmente no leste asiático e no Oriente Médio. A taxa é maior do que outros vírus que se tornaram pandemias, como a gripe suína em 2009.
A OMS apresenta um período de incubação de dois a cinco dias em caso de infecção, porém os sintomas podem demorar até 17 dias para aparecer.
O Mapa afirma que infecções humanas podem aparecer por meio do contato com aves infectadas, vivas ou mortas, mas não poderá ser transmitido pelo consumo de carne ou ovos. Pessoas que identificarem aves doentes devem alertar as autoridades sanitárias locais ou utilizar o portal e-Sisbravet (Sistema Brasileiro de Vigilância e Emergências Veterinária), e mais importante, devem evitar de tocar as aves.
“ABPA [Associação Brasileira de Proteína Animal] ressalta que é totalmente seguro o consumo da carne de aves e ovos, segundo informações cientificamente respaldadas pela OMSA, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e outros órgãos reconhecidos internacionalmente”, declarou em comunicado a associação ligada aos avicultores.
Foto destaque: Galinhas. Reprodução/Freepik
