Naufrágio no Pará que matou 23 pessoas completa um ano

Alexandre Kenzo Por Alexandre Kenzo
4 min de leitura

Nesta sexta-feira (8), completou um ano do naufrágio próximo à ilha Cotijuba, de Belém. No caso, de repercussão nacional, faleceram 23 pessoas, cujos familiares e amigos – além de sobreviventes – hoje seguem ainda buscando respostas sobre o incidente.

Entre as perguntas sobre a Justiça, são frequentes os questionamentos sobre a localização da lancha; sobre o comandante da embarcação Dona Lourdes II, Marcos Oliveria, que ainda segue em liberdade; e sobre efetivas melhorias nas condições do transporte fluvial do qual ainda dependem para se locomover. Na época, a empresa responsável pela lancha, que saiu de um porto clandestino no Marajó com destino a Belém, retirou o barco do fundo do rio de forma sigilosa, realizando um processo de reflutuação sem autorização da Capitania dos Portos da Amazônia Oriental (CPAOR) em 17 de fevereiro deste ano.

Até o momento, ela não foi encontrada para investigação.


Monica Seabra perdeu a irmã, Brenda Seabra, e a sobrinha, Lívia Seabra, de dois anos, no naufrágio. (Foto:Reprodução/Thiago Gomes/O Liberal)


Depoimentos

Completando o primeiro ano do naufrágio, a TV Liberal hoje realiza duas reportagens especiais – a serem exibidas nas próximas segunda (11) e terça-feira (12) no Bom Dia Pará – que promovem um relato mais a fundo do caso e dão voz à indignação da população local, que depende do transporte fluvial. Raimunda Santos, uma das sobreviventes, relatou: “O Marcos [comandante da embarcação] pedia, ele abria os braços que era para gente não se levantar, para ninguém fazer nada, ficar quieto, que ele estava ligando paro o resgate.

Depois uma senhora olhou para o porão, viu a água entrando e gritou que a lancha estava furada,” detalhou ainda Raimundo Serra, um dos sobreviventes, pai de Brenda e avô da Lívia, que morreram no naufrágio. “Ele foi lá e mandou que ela calasse a boca: ‘cala a tua boca’ e fechou o porão da lancha.


Não é a primeira vez que um naufrágio ocorre no Pará: Comandante Sales no rio Solimões em maio de 2008. (Foto: Reprodução/Alberto César Araújo/Acervo Amazônia Real)


Outras denúncias

Diversos moradores de Marajó, o arquipelágo de onde a embarcação partiu, frequentemente reclamam de condições precárias do transporte fluvial, incluindo lanchas lotadas, barcos com irregularidades no funcionamento, e suspensões de viagens constantes. Por causa desses motivos, muitos moradores acabam tendo de recorrer a barcos clandestinos para chegarem ao seus destinos.

A população relata que são problemas antigos, e muitos outros acidentes já ocorreram. Um desses naufrágios, com 30 mortes contabilizadas, aconteceu tão cedo quanto o de julho de 1988, quando um barco correio do Arari afundou próximo à ilha das Onças. Em 2008, também foi notável o naufrágio do Comandante Sales no rio Solimões, que deixou 48 mortos e desaparecidos.

Em termos de soluções a longo prazo, a Companhia de Portos e Hidrovias do Pará (CPH) anunciou que, nos municípios de Anajás, Breves, Chaves, Melgaço, Oeiras do Pará, Salvaterra e Soure, novas estruturas estão em construção para promover o embarque e desembarque com maior conforto e segurança na região.

Foto Destaque: Familiares das vítimas protestam a demora no andamento do caso. Reprodução/Youtube/O Liberal

Deixe um comentário

Deixe um comentário Cancelar resposta

Sair da versão mobile